quarta-feira, 24 de abril de 2013

Dejan Savićević - O Gênio Iugoslavo


É uma lenda porque: um dos grandes destaques do Milan nos anos 90 e da antiga Iugoslávia. 


A região leste européia costuma reservar algumas surpresas futebolísticas. Mesmo com todos os seus problemas, conflitos, separações e unificações de países (que ocorrem de maneira constante), de tempos em tempos aparecem jogadores acima de qualquer discussão bairrista, capazes de despertar a admiração de rivais e respeito de muitos. O mesmo aconteceu com o Montenegrino (até a década de 90 Iugoslavo) Dejan Savićević.

Meia ofensivo de extrema habilidade, Dejan começou a carreira nos anos 80 atuando por equipes locais como o Titogrado (time de sua cidade natal) e o Estrela Vermelha de Belgrado, hoje equipe representante da Sérvia. Esse último por sinal, foi levado ao topo da Europa por Savićević em 1991 com o título da Liga do Campeões da UEFA, conquistado ao lado de outras futuras lendas como Robert Prosinečki e Siniša Mihajlović. Essa façanha não teve precedentes na até então unificada Iugoslávia e nem nos países oriundos das separações ocorridas até os anos 2000, tornando assim a equipe de Belgrado como a única da história da região conseguir o mais importante dos títulos europeus. 

No ano seguinte se transferiu ao Milan, onde seria adotado como um dos maiores ídolos rossoneros. Sob o comando do jovem treinador Fabio Capello, tornou-se destaque da equipe logo em sua primeira temporada, resultando no título do Scudetto italiano. Glória a qual ele repetiu na temporada seguinte, quando ao final da mesma, fez aquela que provavelmente é sua mais lembrada e cultuada atuação com a camisa milanista. 

Frente ao dito como quase imbatível Barcelona comandado por Johan Cruyff, mesmo com o peso de sua camisa, o Milan era franco atirador. Cheio de desfalques como os defensores Baresi, Costacurta e o atacante dinamarquês Brian Laudrup, contra um adversário que contava com Romário, Stoichkov e Koeman. O que se viu em Athenas naquela noite de 18 de Maio foi um verdadeiro show de bola, o famoso "passeio", um massacre sem piedade orquestrado por um inspirado... Savićević! Contrariando casas de apostas e qualquer "lógica" (se é que tal palavra é possível no futebol). O jogador montenegrino liderou sua equipe que transformou o "Dream team" em um tipo de sparring de luxo, marcando um gol, oferecendo uma assistência e participação direta nos outros dois tentos que fecharam o placar. Uma humilhação que desmontaria a equipe da Catalã e decretaria o fim da Era Cruyff no Barcelona.


Mesmo com seu destaque na fantástica vitória na Grécia, Savićević não pode atuar na Copa do Mundo doa EUA, por um decreto da FIFA que impedia a Iugoslávia de atuar em competições internacionais como punição por suas constantes guerras civis separatistas. Voltando à Copa apenas na França em 1998, Dejan não pôde mostrar seu mesmo destaque pela seleção que obteve pelos clubes, assim como já havia acontecido em 1990. 

Savićević encerrou a carreira no Rapid Wiena da Áustria após um breve retorno ao Estrela Vermelha. Com a independência da nação de Montenegro, seguiu vivendo em seu agora independente país. Um dos camisas 10 mais amados da história do Milan, jamais terá sua habilidade esquecida. Especialmente por aqueles que viram o que aconteceu na Grécia àquela noite. Os que viram o Show Man do leste destruir encerrar a Era do Time dos Sonhos. 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Matthias Sammer - O Cabeça de Fósforo.


É uma lenda porque: maior ídolo da história do Borussia Dortmund, foi o grande destaque da equipe em sua única conquista européia em 97.

A Alemanha viveu dividida em seu período pós guerra. Os lados "Ocidental" e "Oriental", como eram conhecidos, eram divididos por um muro em plena cidade de Berlim. Por um bom tempo, os dois lados tiveram suas próprias seleções disputando até Copas do Mundo simultaneamente (e se enfrentando, como ocorreu na Copa de 1974, com a vitória do lado Oriental, que nunca teve muito destaque esportivo, se comparado ao lado Ocidental). Mas então houve a re-unificação do país em 1990 e acabavam-se as discussões e problemas. Isso deu a oportunidade para que não apenas o lado Ocidental e a Europa de conhecer melhor um peculiar jovem que atuava no meio de campo do Dinamo Dresden. Peculiar pois a facilidade com que se notava seus cabelos vermelhos era proporcional a admiração seu futebol trazia. Esse jovem era Matthias Sammer. 

Sammer veio da cidade homônima ao time em que começou a carreira e que lhe deu projeção "bi" nacional. Campeão da liga da Alemanha Oriental, antes mesmo da queda do muro de Berlim, foi negociado com o Stuttgart, onde atuou até 1992, quando foi negociado com a Inter de Milão para manter a "herança" dos alemães que passaram pelo clube anteriormente, como Jürgen Klinsmann e Lothar Matthäus.


Mesmo com um bom início, voltou a Alemanha após uma temporada na Itália, para defender o Borussia Dortmund, clube conhecido pelo fanatismo de sua torcida. E lá teve desempenhos que fizeram a população se lembrar do "Kaiser" Beckenbauer e isso pois não se via alguém ocupar a posição de líbero com tanto talento a muito tempo nas terras germânicas. Não à toa foi o capitão do time e grande destaque da vitoriosa campanha da Liga dos Campeões de 96/97, quando o Borussia foi campeão pela primeira (e até agora única) vez.

A segurança e liderança que exerceu durante a temporada, somada aos mesmos fatores citados, porém demonstrados com a camisa da seleção alemã durante o título da Eurocopa de 1996 foram determinantes para o prêmio da Bola de Ouro, concedida pela revista France Football como o melhor jogador da Europa. O primeiro jogador de defesa, justamente após Beckenbauer nos anos 70, a conquistar esse título. 

Infelizmente, foi mais um dos talentos que encerrou a carreira de maneira precoce devido as lesões. Mas não importa. Em Dortmund, é até hoje dito como o maior jogador da história do clube. Mesmo trabalhando como diretor do Bayern de Munique, a idolatria dos fãs do Borussia não diminuiu. Pelo contrário. 

É um degrau tal que é difícil que se fale do Borussia nessa cidade e não se lembre dos cabelos vermelhos e da maestria em campo de Matthias Sammer. 





Frases sobre DELE:  

- "Fui o último jogador alemão a conquistar um prêmio individual de grande destaque. É o único título que espero perder." - Sobre o potencial da atuação geração da seleção da Alemanha.






quarta-feira, 3 de abril de 2013

Pierluigi Collina - O grande árbitro



É uma lenda porque: provavelmente o único árbitro a deixar saudades no mundo do futebol.

A profissão de árbitro de futebol é bem ingrata. Em 99,99% das vezes, o juiz é um jogador frustrado por não ter habilidade para jogar em nenhuma posição, mas para não abandonar o esporte, acaba se submetendo ao serviço de ser o "mediador" de partidas. Mais até do que o goleiro, quase sempre é responsabilizado por derrotas ao lado de seus fiéis escudeiros: os bandeirinhas.Xingados, humilhados, perseguidos, os aficionados só se lembram do nome desses cidadãos quando cometem algum erro crasso contra sua equipe. Mas um, provavelmente o único que conseguiu (e talvez o único que CONSEGUIRÁ) deixar saudades foi um excêntrico italiano chamado Pierluigi Collina.

Torcedor da Lazio mas fanático por BASQUETE, jogava futebol por mera diversão em um clube pequeno de Bologna, sua cidade natal. Mesmo sem ter cogitado jogar profissionalmente, teve de encerrar a curtíssima carreira amadora devido a uma lesão no tornozelo. A partir disso, para não abandonar o clube e os companheiros, passou a ajudar o técnico arbitrando os treinos da equipe. Sua nova função lhe rendeu a oportunidade de participar de partidas amadoras, para logo em seguida iniciar o curso de arbitragem. E tudo isso com apenas 17 anos!

Sua alopécia (doença que faz os pelos e cabelos de uma determinada parte ou de todo o corpo cair) diagnosticada no começo dos anos 90 lhe garantiram seu famoso visual "assustador" que todos conhecem, mas que se tornou notável após 1995, quando ganhou seu distintivo FIFA, que lhe dava a oportunidade de apitar jogos internacionais. 


Em sua extensa lista, as finais das Olimpíadas de 1996 entre Argentina x Nigéria, Bayern de Munique x Manchester United pela Liga dos Campeões de 98/99 e a Copa de 2002 entre Brasil x Alemanha, são sem dúvidas as de maior destaque. Todas executadas de maneira impecável.


Ninguém consegue imaginar outro árbitro que tenha mostrado tanto carisma e imposto tanto respeito. Respeito tal que em 2005, ano de sua aposentadoria oficial (todos os árbitros devem se aposentar aos 45 anos de idade), a Federação Italiana de Futebol contrariou todas as regras e lhe pediu para que atuasse por mais um ano. E os mesmos respeito e carisma, hoje, lhe renderam o cargo de chefia do comitê de árbitros da UEFA. 

Chega a ser curioso. Em um meio que costuma crucificar seus mediadores em campo, entre os tantos que já passaram pela função, manchando-a muitas vezes, ele se tornou o único que jamais foi chamado de ladrão. 

E sem dúvida alguma, ele é o único entre a classe cuja mãe jamais foi ou será xingada.






Frase DELE: 

- "O futebol não é um esporte perfeito. Não entendo porque querem que os árbitros sejam." - Sobre o porque de odiarem tanto os juízes de futebol. 

segunda-feira, 25 de março de 2013

[ESPECIAL] Lendas por acaso, PT. 4 - Oleg Salenko



É uma lenda porque: em meio a genialidade e gols de Romário, Stoichkov, Baggio, Batistuta e outros jogadores espetaculares, ele se sagrou artilheiro da Copa de 1994.


Quando você pensa na Copa de 1994, o que te vem na cabeça primeiro? Romário, esquema de retranca do Parreira, Stoichkov, luvinha da vitória, pênalti do Baggio indo pro espaço, Galvão gritando "É TETRA!!", ou algo mais? Consegue lembrar quem foi o artilheiro do torneio? Não, não foram Romário, Hagi, Batistuta, Klinsmann ou Stoichkov. Ok, Stoichkov foi um "dos" dois artilheiros. Isso mesmo, dois jogadores terminaram empatados na artilharia e diferente do búlgaro, o outro só precisou de 2 jogos para isso.

Oleg Salenko está na história das Copas do Mundo por ter sido o único jogador até hoje a marcar 5 gols na mesma partida. A proeza aconteceu contra Camarões, no último jogo da fase de grupos da Copa dos EUA.  Já eliminada após duas derrotas (2 x 0 contra o Brasil e 3 x 1 contra Suécia), tanto Russia quanto Camarões entraram em campo apenas para disputar "quem seria o lanterna do grupo". 

Também conhecida por ser a "partida dos recordes" (uma vez que no mesmo jogo o atacante camaronês Roger Milla se tornaria o mais velho atleta a atuar e marcar um gol em uma Copa), os ex-soviéticos fizeram os africanos de sparring. Salenko abriu o placar aos 15 minutos do 1º tempo, alcançando o hat-trick ainda no final da primeira etapa. Apesar do tento de Roger Milla logo no começo do tempo complementar, o matador do dia marcou outros 2 gols e e Radchenko fechou o placar. Esse "show" garantiu a Salenko a artilharia isolada da Copa com 6 gols (tendo marcado o gol na derrota para a Suécia) até a semi-final, quando Stoichkov se igualou ao Russo. 

Salenko não foi um jogador brilhante nem por clubes e nem mesmo por sua seleção. Apesar de um relativo sucesso pelo Dinamo de Kiev, sua carreira não foi marcada por títulos de expressão, artilharias notáveis ou de grande sucesso. 

Mas graças a esse jogo (não graças a Copa, mas a AQUELE jogo) ele escreveu seu nome na história pelas próximas gerações.  


quinta-feira, 14 de março de 2013

Hristo Stoichkov - O Cristo Bulgáro



É uma lenda porque: maior jogador da história da Bulgária, levou sua seleção ao 4º lugar na Copa do Mundo de 94 e se tornou um dos grandes ídolos da história do Barcelona.


De tempos em tempos, surgem grandes jogadores nos cantos mais distantes da Europa. Esses atletas, cujos quais recebem até a alcunha de "gênios", efetuam proezas que podem ser chamados de verdadeiros milagres. Oriundos de nações pequenas ou de pouca tradição no futebol, se destacam pelo valor individual que conseguem. Atuando como uma espécie de "Messias", eles elevam seus vôos a altitudes que nunca nenhum compatriota sonharia. Assim foi com o búlgaro Hristo Stoichkov.

Surgiu no futebol por acaso. Demonstrando uma incrível personalidade e rebeldia desde menino, seu pai o colocou para jogar no CSKA Sofia (até então time do Exército Búlgaro) para que aprendesse a controlar seu gênio. Ledo engano, o garoto causou inúmeros problemas nas categorias de base do clube, sendo até um dos responsáveis pela exclusão, extinção e banimento do CSKA do futebol local, após briga generalizada durante a final da Copa da Bulgária em 1985. Vários jogadores foram banidos do futebol após o incidente, recebendo a anistia apenas em 1987. Stoichkov retornou e com sua precisa perna esquerda, gols e lançamentos precisos, levou o Vitosha (novo nome dado ao CSKA para que o clube voltasse ao cenário profissional) a conquista de 2 campeonatos nacionais. 

Os títulos e seu destaque individual chamaram a atenção de Johan Cruyff, técnico do Barcelona, que na época começara seu projeto conhecido como "Iniciativa Dream Team".Na Catalunha, viveu seu auge como um dos protagonistas do primeiro título da Liga dos Campeões da UEFA do Barça, em 92. Ao lado de Laudrup, Koeman, Guardiola e Bakero, marcou época. Mas aquele que seria seu maior parceiro dentro de campo chegaria apenas em 93. Contratado a peso de ouro e também conhecido por uma língua afiada, Romário chegou a Barcelona a contragosto de Stoichkov. Através de declarações públicas, mostrou o quanto estava desagradado com a chegada do brasileiro, que forçou Cruyff a implementar um rodízio entre os quatro jogadores estrangeiros (Romario, Hristo, Laudrup e Koeman), uma vez que na época, não eram permitidos mais do que três jogadores extra comunitários em campo.


Mas o desagrado em pouco tempo se converteu em uma amizade que saiu das quatro linhas. Romário e Stoichkov formaram uma dupla sensacional capaz de inspirar o medo no coração dos adversários. Partidas como o 5 x 0 contra o Real Madrid e 4 x 0 contra o Manchester United exemplificam bem o que foram, já que em ambos jogos, saíram como os grandes destaques. Infelizmente essa dupla de ouro não durou mais do que duas temporadas, mas ambos permanecem juntos na memória dos torcedores Culés. 



Com sua seleção, Stoichkov conseguiu carregar a Bulgária a um inesperado, porém justo 4º lugar na Copa do Mundo de 1994, sendo um dos artilheiros da competição ao lado do russo Salenko e derrotando seleções como Argentina e Alemanha pelo caminho. E apesar de não com o mesmo sucesso, levou os búlgaros a Eurocopa de 96 e novamente a Copa do Mundo de 98, mas já em franca decadência, não conseguiu repetir o mesmo sucesso.


Entre seus feitos dignos de menção, sozinho, durante um curto período, fez uma seleção inexpressiva se tornar referência no futebol Europeu. Pelo Barcelona, integra a galeria seleta de estrangeiros que não apenas vestiram e honraram, mas marcaram época com a camisa blaugrana.

Polêmico, goleador, genial... o Cristo da Bulgária segue com seus milagres muito vivos na história.






Frases sobre ele: 



- "Existem dois Cristos: um está aqui jogando pelo Barcelona e o outro está lá no Paraíso. Mas ambos fazem milagres" - o próprio Stoichkov sobre ele mesmo, no auge de seus momentos "polêmicos".

quinta-feira, 7 de março de 2013

Fernando Carlos Neri Redondo - O Príncipe de Madrid




É uma lenda porque: Ídolo do Real Madrid, poucos, pouquíssimos jogadores na história esbanjaram tanta elegância, educação e personalidade em campo.

O normal, especialmente na América do Sul, é que jogadores de futebol venham das camadas mais baixas da sociedade, fato este que torna o futebol como um meio de ascensão social mais "fácil" para os jovens aspirantes a atletas. Raros são os casos em que filhos de classe média entram "de cabeça" no mundo do futebol. Mas esse não foi o caso de Fernando Redondo.

Descendente da aristocracia argentina, criado com as melhores condições de vida possíveis, aluno dedicado e educado, ainda assim se propôs a seguir o caminho do futebol, o que não surpreendeu sua família. Seu prematuro talento lhe rendeu a estréia na 1ª divisão argentina com apenas 15 anos pelo Argentinos Juniors. Se transferiu para o Tenerife da Espanha em 1990, onde permaneceu por 4 anos ao lado do técnico Jorge Valdano, onde ajudou a equipe a tirar dois títulos espanhóis consecutivos do Real Madrid. Títulos estes que compensaria a partir da temporada 94, quando rumou em direção a capital espanhola. 

No Real Madrid, por sua postura, logo foi apelidado de príncipe. Durante seis anos, se firmou como um dos maiores ídolos do clube, sendo peça decisiva na quebra do jejum de títulos da Liga dos Campeões, que já perdurava por mais de 30 anos. Em uma dessas conquistas em especial, protagonizou uma jogada digna dos grandes camisas 10 da história, durante a semi final da edição 99/00 contra o Manchester United no Old Trafford. Em pleno "Teatro dos sonhos", não satisfeito com sua já por si só memorável atuação naquela noite, um "simples" toque de calcanhar entre as pernas do adversário pela ponta esquerda e o cruzamento para o gol na corrida de Raúl, fecharam as cortinas do espetáculo que apresentou. 


Encerrou a carreira no Milan após uma série de lesões no joelho, tendo atuado apenas 16 vezes em três anos com a camisa rossonera, mas não antes de voltar a Madrid.  Em partida válida pela Liga dos Campeões de 2002/2003, o Milan enfrentou o Real Madrid no Santiago Bernabeu. Seu primeiro jogo após se transferir, foi aplaudido de pé pelos torcedores do time da casa que entoaram seu nome em coro, misturando a alegria de rever um grande ídolos com as lágrimas de não estar vendo-o mais com a camisa branca.

Contrariando o clichê de que argentinos são violentos por "natureza", Redondo jamais foi visto dando um simples carrinho ou mesmo em alguma jogada maldosa. Tido como um dos poucos e raros discípulos da "Doutrina Beckenbauer", que prega que os jogadores que atuam na primeira volância podem SIM ter habilidade para jogar, não se limitando apenas a serem "brucutus", mostrou que suas atitudes dentro de campo refletiam sua maneira de ser fora dele. A elegância e cabeça erguida para jogar, a maneira sempre esguia de observar sempre a jogada e não a bola, o diferenciavam de tudo até então. 

Lamentável que depois dele, surgiram poucos na mesma posição capazes de cumprir a mesma função com categoria semelhante. Mais lamentável ainda que o técnico Passarela não o tenha levado para a Copa de 98 por se recusar a cortar os cabelos. O mundo do futebol teve que lamentar a ausência desse jogador brilhante em mais uma Copa do Mundo, mas não nos deixou orfão. Sua habilidade apresentada com a camisa merengue jamais será esquecida.



Frases sobre ele: 

- "Ele tem imãs nos pés?" - Sir Alex Ferguson, técnico do Manchester United.

- "Tanto taticamente quanto tecnicamente, era um jogador perfeito." - Fabio Capello, Ex-técnico do Real Madrid. 

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Arthur Antunes Coimbra, Zico - O Galinho de Quintino.


É uma lenda porque: grande ídolo da maior torcida do Brasil e um dos principais responsáveis pela profissionalização do futebol no Japão.



Daqui alguns dias alguns dias será comemorado um Natal "diferente". Tal data só será celebrada em três países, respectivamente Brasil, Itália e Japão.

No Brasil, especificamente no Rio de Janeiro, para uma certa nação rubro negra,  Zico é uma divindade. Ele é considerado um semelhante de Pelé. Não a toa, seu período no clube carioca marca a época mais vitoriosa de sua história, tendo vencido praticamente tudo que disputou, desde torneios regionais, nacionais, sulamericanos e principalmente o Mundial de Clubes, em 1981. 

Na Itália, até hoje respeitado como um dos grandes ídolos da Udinese, mesmo sem ter ganho um título pelo clube. Possui sua própria igreja entre os "friulanos" (nome dado aos habitantes da cidade de Udine). Sua popularidade na terra da bota pode ser medida com o fato de ter sido aplaudido em diversos estádios adversários, incluindo o Olímpico de Roma em partida contra a equipe homônima da capital italiana, e em Gênova, onde não apenas aplaudido, teve seu nome cantado e celebrado pelos torcedores do Genoa.

E no Japão, Zico está acima de todos. Afinal, ele levou transformou o esporte no oriente algo profissional. Não chega a ser nenhuma besteira que ele representa à nação nipônica o mesmo que Maradona representa a Argentina, tendo inclusive o mesmo apelido que a lenda portenha: Deus. E uma estátua em sua homenagem pode ser vista em frente ao Kashima Antlers Soccer Stadium. 

Encantou o mundo atuando pela seleção brasileira, especialmente como parte da mítica equipe de Telê Santana que disputou a Copa do Mundo de 1982. Suas cobranças de falta perfeitas e inigualável habilidade são conhecidas e reverenciadas mesmo por quem não teve o privilégio de vê-las ao vivo. 

Camisa 10, criador de uma era no futebol e orgulho pessoal de três cantos diferentes deste mundo, para poder dizer que teve uma carreira realmente completa, lhe faltou apenas uma Copa do Mundo, que infelizmente não veio. Não se sabe se foi por alguma ironia do destino ou mais uma das travessuras dos "Deuses da Bola", mas como diz a frase de um autor desconhecido, porém muito famosa: "Ele não ganhou a Copa. Azar da Copa."





Frases sobre ele: 


- "A bola é uma flor que nasce aos pés de Zico, com cheiro de gol. - Armando Nogueira, cronista esportivo. 

"Adeus, Zico. Nós vascaínos, tricolores, botafoguenses, etc., dormiremos mais tranquilos sabendo que uma falta cometida nas proximidades de nossa área não será tão perigosa assim. Que não teremos de enfrentar os seus dribles, seus lançamentos, suas soluções inteligentíssimas para as jogadas mais difíceis, a sua movimentação que o levava, em frações de segundo, da intermediária à porta do gol e aos gritos de "Zico! Zico! Zico!"quando você fazia uma das suas e chutava aquelas bolas que tocavam na rede e batiam em cheio em nossos corações. Em compensação, nós, que tanto amamos nossos clubes quanto o futebol, estaremos com as nossas tardes de domingo mais pobres. E, aí, veja que ironia, teremos saudades de você." - Sérgio Cabral, jornalista e escritor, torcedor do Vasco da Gama. 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Evaristo de Macedo - O único que "uniu" Barcelona e Real Madrid

É uma lenda porque: conseguiu a proeza de se tornar ídolo de Barcelona e Real Madrid, sem causar o desgosto ou perder o respeito de ambos.

De certa forma, é até comum você ver jogadores vestirem as camisas de dois grandes rivais. Um pouco mais difícil é ver alguém que teve sucesso por um, repetir o mesmo sucesso por outro. E mesmo aqueles que conseguem, dificilmente escapam da "perseguição" de uma das torcidas. Na história de Real Madrid e Barcelona principalmente, não faltam exemplos: jogadores como Luís Figo (boa passagem pelo Barcelona, mas considerado "judas" pelos catalães; no Real Madrid se tornou ídolo), Michael Laudrup, Hagi (ambos ídolos no Barcelona, não repetiram o mesmo sucesso pelo Real Madrid), Luis Enrique, Saviola (passagem sem brilho por ambos). Porém existem as raríssimas exceções como Ronaldo Fenômeno, mas esse é ainda mais diferente pois foi uma referência futebol mundial. De certa forma, apenas um jogador conseguiu ser respeitado e amado pelos grandes rivais da Espanha.

Evaristo de Macedo chegou a Espanha em 1957 após ascensão rápida no Madureira e uma grande passagem pelo Flamengo. Desembarcou primeiro na Catalunia, durante o auge da repressão do Franquismo ante a região. Não sendo o bastante pela situação política, o Barcelona via seu maior rival monopolizar o futebol nacional e europeu com um super elenco comandados pelos grande Puskas e Di Stefano. Apesar das dificuldades, levou pouco tempo para se tornar querido pela torcida Culé graças a seus gols e grande habilidade e principalmente pelo gol marcado na antiga Taça da Europa (atual Liga dos Campeões da UEFA) no embate entre ambos os clubes pela semi final, desclassificando pela primeira vez em 3 anos consecutivos o Real Madrid da final. 

Após um bi-campeonato espanhol, um bi-campeonato da Taça das Feiras (atual Liga Europa) e a média de quase um gol por jogo pelo Barcelona, teve um breve porém contundente atrito com a equipe por não aceitar a cidadania espanhola (que o daria direito de jogar a Copa do Mundo pela Fúria) e se transferiu ao Real Madrid. E recebido com festa de grande craque, na capital da Espanha conquistou um tri-campeonato espanhol sendo um dos destaques da equipe. Fundamental para as três campanhas, mesmo não tendo marcado tantos gols quanto por seu time anterior, Evaristo adquiriu o carinho e respeito dos Madridistas até 1965, ano em que se despediu da Espanha e voltou ao Brasil para encerrar a carreira no Flamengo.  

Durante os anos 2000, Evaristo foi um dos convidados de honra dos 80 anos de Alfredo Di Stefano; e não mais do que 2 anos após, foi homenageado na Penya Barcelonista de São Paulo. por seus serviços prestados ao time Catalão.


Por mais que o tempo passe, nenhum dos dois clubes terá a audácia de reclamar Evaristo como seu grande ídolo "único"; muito menos de crucificá-lo por ter vestido ambas as cores.  Pois de maneira "única", ele foi o primeiro a agradar a gregos e troianos. (Ou Culés e Madridistas.).


E até hoje, se algum dia quiser ver torcedores de ambos os clubes em "paz", cite o nome de Evaristo e veja o "milagre". 




Frases sobre ele: 

- "O torcedor brasileiro não tem ideia de como o Evaristo é respeitado e idolatrado na Espanha. Foi realmente um dos maiores do mundo." - Roberto Dinamite, ex-jogador e atual presidente do Vasco da Gama, que teve rápida passagem pelo Barcelona. 

- "Era o tipo de jogador que tinha vaga em qualquer time que escolhesse." - Mario Jorge Lobo Zagallo, companheiro de Evaristo no Flamengo e seleção brasileira.  





quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Clã Maldini - A Dinastia Rossonera

É uma lenda porque: Uma das famílias mais respeitadas do futebol. Desde os anos 50, sempre houve um representante da mesma atuando com a camisa número 3 e a faixa de capitão do Milan e da seleção italiana.

Dizem que o futebol não é algo genético. Existem diversos exemplos que provam essa tese, como Johan e Jordi Cruyff e Pelé e Edinho. Outros poucos como Djalma Dias e Djalminha, Domingos e Ademir da Guia, mostram que algumas vezes o filho pode seguir o caminho do pai, mas em posições e mesmo clubes diferentes. Porém, uma família especifica vai na contra mão dessas histórias, construindo um verdadeiro legado por um único clube. Essa é a lenda da família Maldini...

A ligação entre o Clã Maldini e o Milan começou em meados da década de 50, quando o Rossonero contratou um jovem defensor do Triestina, após despontar como revelação italiana na temporada 53/54. Logo em sua primeira temporada pelo clube de Milão, Cesare Maldini ostentou a braçadeira de capitão da equipe; braçadeira qual carregou durante 12 anos. Nesse período, Cesare mostrava sua habilidade até então incomum para um defensor pelos gramados europeus e se tornando ídolo da torcida em pouco tempo. Não á toa foi capitão da seleção Italiana na Copa de 62, onde foi nomeado ao posto de melhor zagueiro da competição; e em 1963 peça fundamental e responsável por erguer o troféu da conquista da primeira entre as sete Liga dos Campeões que o clube conquistou durante sua rica história. 

Após 12 anos de dedicação e títulos ao Milan, Cesare encerrou sua carreira como jogador no Torino em 1967 para logo em seguida retornar a Milão, onde no ano seguinte, nasceria o segundo personagem dessa saga. Nascia o pequeno Paolo. 

Apesar da ligação com o clube e a admiração ao pai, Paolo foi torcedor da Juventus durante a infância. Sempre acompanhava as partidas da Vecchia Signora e sonhava com a chance de um dia defender o clube de Turim. Fato este que gerou certa "desaprovação" do pai, que rapidamente o colocou nas categorias de base do Milan aos 10 anos de idade. Dentro de campo, logo se via muitas semelhanças entre pai e filho: a facilidade para liderar, a visão e habilidades privilegiadas para quem atuasse na defensa, e a camisa 3. 

Precoce, debutou pelo Milan aos 16 anos de idade e se manteve no clube até 2009. Nesse período, não apenas repetindo mas aumentando os feitos de seu pai, conquistou outras cinco Ligas do Campeões e recordes diversos, pelo clube e pela seleção italiana. E ainda mantém muitos deles, como o jogador a mais vezes atuar pela Série A italiana. E em todas essas vezes usava apenas uma camisa. Atuou em

Poucas camisas no futebol podem se orgulhar de ter uma história tão rica e constante, com muitos altos e poucos baixos. E a do Milan com certeza é uma delas. E nessa camisa, um número em especial segue apenas no aguardo pelo próximo representante do clã a vesti-la. Este número e sobrenome que estiverem não apenas presentes, mas liderando e decidindo 6 das 7 principais conquistas europeias do gigante italiano.

Infelizmente, apesar de ambos terem esbanjado talento pela "Azzura", nenhum dos dois conseguiu o feito de dar um título a sua nação. Cesare jogou a Copa de 1962, e Paolo as copas de 90, 94, 98 e 2002.  Mesmo sem as glórias pela seleção, ambos são considerados ícones nacionais, símbolos do futebol italiano e muito respeitados ao redor do mundo. 

Filhos de Paolo e netos de Cesare, Christian e Daniel atualmente jogam nas categorias de base do Milan. Repetirão eles o mesmo sucesso que o pai e o avô, dando continuidade à lenda da família?




Frases sobre eles: 

- "Foi sem duvidas o melhor zagueiro que enfrentei." - Ronaldo Fenômeno, sobre Paolo Maldini. 

- "Vamos aguardar a próxima geração. Que ela e as seguintes honrem a tradição que Paolo e Cesare conquistaram." - Tiziano Crudeli, jornalista esportivo italiano, famoso por seu fanatismo pelo Milan.