quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

[ESPECIAL] Lendas por acaso, PT 3 - Marco Materazzi

É uma lenda porque: Em meio a Zidane, Cannavaro, Buffon e Henry, acabou sendo o verdadeiro destaque e herói do titulo da Italia na Copa do Mundo de 2006.

No que você pensa quando se lembra da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha? No nivel fraco de futebol visto na Copa em geral? No Brasil apático? Lembra da genialidade de Zidane, conduzindo a França até a final? Da pancadaria entre Portugal e Holanda? Da Itália campeã? Ou a polêmica escolha de Cannavaro como o melhor do Mundo? Muita coisa aconteceu naquele ano. Apesar de possivelmente ter sido uma das piores em nivel técnico, não faltou emoção no torneio. Emoção principalmente na partida final, entre a até então tri campeã Italia, e a "zebra" França, que como dito anteriormente, chegou à final graças a lances geniais de um certo Zinedine Zidane. Um jogo muito aguardado, um duelo entre Les Bleus Zizou, Henry e Viera contra a Azzurra de Buffon, Cannavaro e Totti.

Várias estrelas, muitas emoções e expectativas sobre os protagonistas, espetáculo garantido. E no meio disso tudo, havia um homem de quem poucos esperavam algum destaque. Ou melhor, se esperavam sim alguma coisa do sujeito: fosse alguma perna partida de um adversário, um lance violento ou algum artificio de jogo sujo. E curiosamente, este jogador acabou sendo o grande destaque da final, tendo participação direta nos 3 principais lances que ajudaram a definir o jogo. E ese homem se chama Marco Materazzi.


Materazzi, ou "Matrix" como é popularmente conhecido, sempre foi um jogador notável. Notável não por ser um eximio craque, mas por quase sempre lembrar a todos que o futebol possui um lado um pouco mais violento. Um dos grandes idolos da Inter de Milão, sempre foi tratado como "folclórico" graças ao seu estilo de jogo mais viril. Videos e imagens de suas peripércias sempre percorreram o mundo, principalmente aqueles contra seu alvo favorito, o ucraniano Andriy Schevchenko.



Porém há de se destacar que Materazzi não era apenas um zagueiro violento. A violencia o destacava, mas possuia um grande senso de posicionamento que não se vê sempre. E era uma boa opção de bola parada, com um bom chute de pé esquerdo em faltas de média / longa distância. Na Copa de 2006 foi convocado para ser reserva, mas com a lesão do titular Nesta e a "falta de confiança" do tecnico Marcelo Lippi em Barzagli, Materazzi acabou sendo promovido a titular e foi uma das peças fundamentais da equipe na campanha do titulo, tendo inclusive feito o primeiro gol italiano na competição.

Mas voltemos ao jogo que o tornou uma lenda: em um duelo acirrado e polêmico, a Italia sobrepujou a França nos penaltis, após 90 minutos de  tempo regulamentar e 30 minutos de prorrogação. A final foi como um "resumo" da Copa inteira: mais raça do que técnica, mais futebol burocratico e menos genialidade. Toques de bola "diferentes" eram vistos quando a bola caia no pés de Zidane, totti e Pirlo. O goleiro Buffon efetuou no minimo dois milagres na partida, em um chute e uma cabeçada do próprio craque francês, Zizou. Cannavaro, que mais tarde seria eleito o melhor jogador do mundo, capitaneando sua equipe como poucos fazem.

E onde Materazzi entrou nesse jogo? Simples, foram exatamente 3 lances que "salvaram" e deram emoção ao jogo: o penalti convertido magistralmente por Zidane, o gol de empate da Italia e a cabeçada de Zidane. E se pararmos para analisar friamente os lances:

1- Foi ele que fez o penalti em Henry convertido por Zidane.

2- Foi ele quem, de cabeça, fez o gol de empate italiano.

3- Justamente ele, acabou recebendo a famosa cabeçada que resultou na expulsão de Zidane durante a prorrogação.


Três lances capitais, três lances que estão na história, três lances eternamente lembrados. E não satisfeito, ainda se atreveu a cobrar um dos penaltis da decisão, e com grande categoria!!!

Um grande idolo da Internazzionale, um folclóre da internet, um herói em final de Copa do Mundo. Daqui alguns anos, provavelmente continuará sendo lembrado apenas por receber a cabeçada de Zizou. E por tudo isso, será sempre uma das grandes lendas (por acaso) do futebol Mundial.






Frases sobre ele (Materazzi facts):

- Materazzi foi pro time de futebol da Inter por engano. Seu destino original era o de Muay Thay.

- Materazzi tem que usar focinheira durante os treinos da Inter.

- Nos jogos da Inter de milão na temporada passada, José Mourinho não passava instruções técnicas o utáticas para Materazzi. Mourinho apenas soltava materazzi da coleira e gritava: "PEGA!"

- Materazzi é o unico jogador profissionais de futebol que possui a coluna de "Frags" em sua lista de estatisticas da FIFA.

- Materazzi é patrocinado por hospitais italianos devido a grande quantidade de jogadores mandados por ele.

- Felipe Melo, Lugano, Cocito, Escudero e Sandro Goiano são graduados na Escola de Artes Marciais de Materazzi, em Milão. (Mas nenhum deles consegue a faixa preta, pois para consegui-lá, devem  derrubar Materazzi.)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Ferenc Puskas - O Major Galopante

É uma lenda porque: Tornou a Hungria uma potencia mundial durante da decada de 50 e formou ao lado de Di Stefano uma das maiores duplas de ataque de todos os tempos.

 Terminando o período de férias,  voltamos a nossa programação normal. Eu estava com algumas duvidas de quem colocar aqui para começar o ano, por isso fiz uma rapida "enquete" via Twitter, e o resultado acabou saindo como eu realmente preferia. Afinal, quem melhor para  começar o ano do que um dos principais representantes do Panteão dos Deuses do futebol mundial?

A lenda de hoje é sobre o Major Ferenc Purczeld Biró, ou como é mais conhecido: Ferenc Puskas.

Nascido em 2 de Abril de 1927, o pequeno Puskas desde pequeno se destoava dos demais. Por incrivel que pareça, o jogador que passou boa parte da carreira com a  fama de "gordinho", tinha uma consistencia fisica abaixo da média de sua idade, mas isso não o impedia. Sua ousadia e inteligência o colocavam para jogar entre os mais velhos, onde não apenas participava, ainda se destacava. Ao lado de seu vizinho, amigo e futuro companheiro de clube e seleção, Josze Bozsik, chamavam a atenção nos campos de Budapeste. Puskas por seu estilo de jogo, inteligencia e personalidade, Bozsik por saber organizar as defesas. Pela mesma personalidade forte e a maneira de impor em campo, constantemente discutia com treinadores de categorias de base e professores.

Seu pai, que ostentava o mesmo nome, era técnico do Kispest, modesto time de Budapeste, onde o jovem debutou com apenas 16 anos. A primeira vista, parecia um caso simples de um filho se beneficiar de regalias de seu pai, mas não foi assim. Pelo contrário, lutou e fez por méritos próprios valer sua entrada na equipe. A presença do pai se fazia valer mais para controlar a personalidade do garoto, que não pensava duas vezes antes de reagir a alguma pancada desleal em campo. Em uma dessas reações, já defendendo a seleção hungara, foi suspenso de jogos internacionais por 1 ano graças revides desleais contra jogadoress da Bulgária em um amistoso em 1948. Porém sua punição foi revogada quando um senhor chamado Gustav Sebes, ministro dos esportes da Hungria, assumiu a seleção e o mesmo Kipest, que a partir da filiação do clube ao exército passou a se chamar Honvéd. .

Gusztav Sebes foi o "pai" de Puskas no Honvéd e na seleção, mas não impedia dele, seu velho amigo Bozsik e dos novos companheiros Sandor Kocsis e Zoltán Czibor, participarem dos rigidos treinamentos militares sob o qual deviam se submeter. O exército do Honvéd logo se tornou a principal equipe hungara, ganhando seu 1º campeonato no primeiro ano após a mudança do nome do clube, onde Puskas se tornou o artilheiro máximo. Pela seleção em 1952, conquistaram a medalha de outro nas Olimpiadas de Helsinque. E foi nessa competição em que o mundo conheceu a "maquina magiar" da Hungria, e seu lider. Durante 4 anos, (de 1949 a 1953) a seleção hungara ficou invicta, contando jogos oficiais e amistosos. Tal retrospecto os fizeram se fornar grandes favoritos ao titulo da Copa do Mundo de 1954, na Suíça. 

Na Copa, o favoritismo que lhes imporam foi justificado. Resultados muito além de convincentes, mas memoraveis e inquestionaveis os fizeram chegar até a final, passando (e humilhando) Alemanha e Coréia na 1ª fase, Brasil nas quartas de final e o então campeão Uruguay, nas semi finais.A final seria contra a mesma Alemanha que havia sido vencida por 8 x 3 na primeira fase da competição, mas como é tradicional de Copas, o destino precisava aprontar alguma ironia. A ironia acabou sendo justamente a derrota da máquina magiar. Os alemães venceram por 3 x 2 a partida que ficou conhecida como "O Milagre de Berna". Ninguém, nem o mais fanático fã de futebol poderia prever tal resultado. O golpe foi tão duro que na volta ao seu país, parecia estar chegando a uma cidade fantasma. Pouquissimos foram receber a seleção em seu retorno para casa. 

Sua patente de major do exército, aliado a sua personalidade forte, lhe rendiam um orgulho próprio muito grande. Após o desastre da Copa de 54, chegou a abandonar o campo depois de ser insultado por um torcedor. Suas desavenças com treinadores na juventude agora se tornavam desavenças com politicos e militares do partido comunista. Tudo isso fez com que sua história na seleção e no Honvéd terminassem em 1956, quando por medo da Revolução Hungara, ele e seus companheiros de equipe se exilassem em outros países europeus. Alguns ainda voltaram, mas a maioria se dividiu entre Italia e Espanha. entre os que se aventuraram na Espanha, estava Puskas, que foi contratado pelo Real Madrid em 1958 para formar dupla de ataque com o argentino Di Stéfano. Tal dupla que se tornaria uma das mais conhecidas da história, da equipe que possivelmente foi também a melhor já vista no futebol.

A principio, Puskas não aceitou muito bem a idéia. Além de que na equipe Merengue ele não seria mais o unico astro e lider, estava sem fazer uma partida oficial já haviam dois anos. Conversando com o então presidente do real Madrid, Santiago Bernabeu, alegou que estava gordo e não poderia jogar. Bernabeu não exitou em responder: - "Isso é problema seu.".
Apesar de um certo contra gosto de principio, logo Puskas se acostumou com o rótulo de "co-estrela". Havia entendido sua importancia em meio as outros grandes craques como Gento e Didi, mas principalmente, percebeu o quão fundamental era para o argentino Di Stéfano e vice-versa. Ambos geniais individualmente, juntos fizeram o Real Madrid dominar a Europa por muitos anos inquestionavelmente. Ambos se naturalizaram para jogar a Copa do Mundo de 1962, mas não conseguiram trazer o mesmo sucesso de clubes para a seleção da Espanha.

Encerrou sua carreira em 1966, a partir dai tentando sua sorte como treinador. Apesar de relativo sucesso, não teve uma carreira de técnico semelhante a de jogador. Morreu em 17 de novembro de 2006, em sua cidade natal, Budapeste, para onde só havia voltado em 1993. 

Sua bela história, seus feitos e proezas o colocam acima de muitos outros jogadores na historia. Um dos maiores heróis mundiais do periodo pós-guerra na década de 50, um major que buscou o exilio próprio pela vergonha da derrota, um dos principais deuses de Madrid.
Puskas não pode ser dito apenas como mais uma lenda deste esporte. Puskas deve ser considerado umas de suas principais e mais respeitadas santidades.
 
Frases sobre ele:

 - "Todos nós nos apaixonamos por Puskas e pela seleção húngara nos anos 50. Ele só tinha a perna esquerda e fazia maravilhas com ela." - Armando Nogueira um dia após o falecimento de Puskas.

- "Ferenc foi um gênio porque nasceu sabendo." - Mauro Beting em "As melhores seleções estrangeiras de todos os tempos."

- É importante preservar a memória dos grandes nomes do futebol que deixaram sua marca na nossa história. Ferenc Puskás era não só um jogador com imenso talento que ganhou muitas honras, mas também um homem notável. É, portanto, um prazer para a FIFA lhe prestar homenagem e lhe dedicar este prémio à sua memória. - Joseph Blatter, presidente da FIFA sobre o prêmio "Ferenc Puskas".

- "Quando olho para trás, vejo que ao longo de minha vida uma única linha se desenvolveu - apenas o futebol. [...] Desde aquele momento na minha infância quando ouvi o misterioso clamor da multidão no estádio Kispest, a apenas alguns metros de distância da janela da nossa cozinha, acho que já estava predestinado." - o próprio Puskas no livro "Puskas - Uma lenda do futebol mundial."