segunda-feira, 26 de abril de 2010

Lev Yashin - O Aranha Negra

É uma lenda porque: Nenhum goleiro é lembrado como ele, eleito o melhor goleiro de todos os tempos em toda e qualquer eleição feita.




Dia 26 de Abril, dia do goleiro, dia do eterno "vilão" do futebol. Dia daquele que vai contra e tenta impedir a essência do futebol, o gol. Se seu time ganha, ele não fez mais que sua parte. Se perde, a culpa é sua. Mas existirão (e ainda existem) goleiros que deixam para trás a alcunha de "vilão", para se tornarem os protagonistas ou peças fundamentais de seus times.

No caso de Lev Yashin, transcedeu a barreira de simples peça importante ou herói de uma equipe e seleção, e se tornou a maior lenda do futebol soviético, e a maior referência debaixo das três traves já vista no mundo.

Chamado de "Aranha Negra" por seu uniforme sempre negro e sua mobilidade debaixo do gol, ele foi a maior jóia do "futebol cientifico" da antiga União Soviética. Começou a carreira como goleiro de hóquei de gelo quando criança, mas na adolecência migrou para o futebol. Pelo Dinamo de Moscou, equipe que defendeu por toda a carreira, iniciou uma era vencedora entre os anos 50 / 60 que o clube nunca mais obteve. Graças à ele, o time de Moscou é lembrada até hoje como um dos poucos adversários capaz de fazer frente ao Honved de Puskas, a maquina européia da primeira metade da década de 50. E até hoje permanece como o unico goleiro à ser eleito como melhor jogador da Europa pela revista France Football em 1963. 

Graças aos treinos de hóquei e seu porte avantajado (1,89 de altura), como bom soviético, Yashin sempre tinha tudo planejado e calculado. Foi o primeiro goleiro à se adiantar fora da pequena area, agindo como um libero. Seu tradicional uniforme negro servia para "atrapalhar" a visão dos atacantes adversario. Mas segundo ele mesmo, seu maior trunfo vinha antes de cada partida: fumar um cigarro para relaxar e tomar uma dose de vodka para relaxar os musculos.

Entre suas histórias mais famosas, conta-se que ele possivelmente foi o unico goleiro que terminou a carreira com saldo positivo, ou seja, fez mais jogos do que sofreu gols, o que é praticamente impossivel para um goleiro. Infelizmente não há dado oficial que confirme o feito, mas por suas estatisticas pela seleção Soviética (sofreu 70 gols em 78 jogos disputados), em uma época que placares elásticos eram comuns por todo o mundo, não é de se duvidar. Não atoa foi um do poucos à ser condecorado com a medalha da Ordem de Lênin, maior tributo a um cidadão soviético por serviços prestados ao seu pais, tornando-o de maneira "oficial" um herói local. A importancia desse premio pode ser medida pelo fato de que apenas individuos como Yuri Gagarin (1º homem à ir pro espaço) e Vasily Zaitsev (herói da batalha de Stallingrado) terem sido merecedores.

Mais do que apenas um jogador de futebol, Yashin se destacava também por sua simpatia fora de campo, pouco comum aos olhos do mundo devido à sua nacionalidade, já que a principal carecteristica dos soviéticos sempre foi sua "frieza". Hoje, 20 após sua morte, sua lenda permanece viva. A cada quatro anos a FIFA concede ao melhor goleiro da Copa do Mundo o troféu Lev Yashin. Em frente ao Estádio Dínamo de Moscou, maior estádio da Russia, há um monumento em sua homenagem, e em seu tumulo uma escultura estilizada com seu perfil.  


Durante o periodo mais disputado na corrida pelo espaço, Yashin mostrou ao mundo que um homem também podia voar. Os saltos da Aranha Negra transformavam o espaço entre as traves em algo muito mais sólido do que uma simples teia. Transformava-o em uma verdadeira cortina de ferro.



Frases sobre ele: 

- "Aqueles gigante de longos braços de aranha, sempre vestido de preto, tinha um estil o despojado, uma elêgancia sóbria que desenhava a espetaculosidade dos gestos que sobram. - Eduardo Galeano, cronista Uruguaio.

 ""A alegria de ver Yuri Gagarin no espaço só é superada pela alegria de uma boa defesa de um pênalti." - O próprio Lev Yashin, que defendeu mais de 100 penaltis na carreira.


terça-feira, 20 de abril de 2010

[ESPECIAL] Lendas por acaso, pt 1 - Juliano Belletti

É uma lenda porque: Foi o autor do gol do título da 2ª Liga dos Campeões da Europa ganha pela Barcelona, na temporada 2005-2006.

Alguns jogadores passam boa parte da carreira como meros coadjuvantes, para não dizer figurantes. Sempre passam despecebidos, na maioria das vezes sendo mais lembrados por erros e por receber criticas, do que por fazerem algo produtivo. Mas então acontece um lance, uma jogada, um lapso de tempo que transforma o até então discreto, porém criticado carregador de piano, em um herói, em uma lenda. Assim é a lenda de Juliano Belletti.

Com passagens no máximo regulares por São Paulo, Cruzeiro, Atlético Mineiro e Villarreal, e bem contestadas convocações pela Seleção Brasileira, muitos não acreditavam que Belletti estava no Barcelona. Surpresa tão grande quanto o fato dele ter feito parte do grupo que havia sido penta campeão mundial em 2002, a pergunta pairava: como poderia ele, que sempre foi conhecido como um jogador no máximo "esforçado", se integrar ao grande elenco da equipe Catalã?!

Na temporada 2004/2005 o mundo se maravilhava com as apresentações de Ronaldinho Gaúcho. Não apenas ele, a bela equipe que ainda contava com nomes como Deco, Eto'o, Larsson e Xavi encantava o mundo com um futebol bonito e vencedor. E nesse embalo, lá estava ele, Belletti, sempre discreto, sempre esforçado, sempre fazendo sua parte sem criar muitos alardes. Até a partida das oitavas de final da Liga dos Campeões, onde o Barcelona enfrentava o Chelsea, e acabou marcando um gol-contra no 1º jogo no Camp Nou. O Barça venceu o jogo por 2 x 1, mas acabaria sendo derrotado pela equipe inglesa no jogo de volta por 4 x 2. Obviamente Belletti não foi o responsavel pela eliminação, mas o peso de seu gol contra no 1º jogo voltou a lhe render contestações e piadas infames

No ano seguinte, Belletti perdeu espaço e se tornou mais um reserva na equipe. Entrando em campo poucas vezes naquele ano, Belletti viu o Barcelona e Ronaldinho mais uma vez encantar o mundo, atropelando velhos rivais como Real Madrid, Milan e Benfica, e se vingando de novos rivais, como o Chelsea, novamente nas oitavas de final.

Paris, 17 de Maio de 2006. Finalmente chega o dia da grande final entre Barcelona e Arsenal. De um lado, a equipe inglesa liderada pelo francês Thierry Henry buscando seu 1º título, enquanto os catalães lutariam pelo seu 2º, e no banco de reservas, Belletti.

Como não poderia deixar de ser em qualquer final entre duas grandes equipes, o jogo foi emocionante. Arsenal abriu o placar com um jogador a menos ainda no primeiro tempo com gol do zagueiro Sol Campbell. No 2º tempo, os ingleses pareciam se contentar em se defender para segurar o resultado, até que o técnico do Barcelona Frank Rijkaard, precisando avançar ainda mais suas peças, resolveu agir efetuando duas substituições: o suéco Larsson entrou no lugar Van Bommel aos 15 minutos de jogo, e aos 28 no lugar do espanhol Oléguer ele promoveu.... Belletti!

O Barça empatou aos 30 minutos, após bela tabela entre Larsson e Eto'o, onde o camaronês fez um belo gol. Eis então que aos 35, o lance que mudaria muitas vidas, feito pelo menos provável protagonista: Belletti recebeu a bola pela lateral direita, tocou para Larsson e correu para dentro da área!  Novamente o veterano suéco fez uma bela jogada, e devolveu a bola para brasileiro, que dominou chutou forte entre as pernas do goleiro adversário.



Pronto, ai a história estava escrita e Juliano Belletti imortalizado como o autor daquele que foi provavelmente o gol mais importante da história do Barcelona. Hoje, jogando pelo Chelsea, Belletti ainda guarda com muito carinho aquele dia, aquele gol,  visando algum dia voltar ao Barça, como possivel embaixador do clube. E até hoje, 4 anos depois, ainda demonstra surpresa ao falar sobre o lance: - "Às vezes fico pensando: 'Por que eu? Por que me aconteceu isso? Acho que Deus deu esse gol para mim porque nunca reclamei, sempre procurei no trabalho a melhor forma de me superar."

Deus? Destino? Mera sorte? Não importa, cada um tem seu ponto de vista. Mas já é mais do que suficiente saber que você está na história do futebol, Belletti. Com esse gol, você garantiu seu lugar entre as Lendas da Bola.


segunda-feira, 19 de abril de 2010

Alfredo di Stéfano - La Saeta Rubia

É uma lenda porque:  Protagonizou o periodo mais vencedor da história do Real Madrid, é um dos jogadores mais respeitados pelas demais lendas do esporte.

Muito se fala sobre comparações entre Pelé e Maradona como melhores do mundo, Cruyff e Beckenbauer como melhores da Europa. Os próprios citados não tem nenhum medo de mencionarem suas vantagens sobre os outros. Mas ninguém se atreve a se comparar com Alfredo di Stefano.

Nascido em Buenos Aires, capital Argentina, começou sua carreira no até então poderoso River Plate. Em sua primeira temporada pelo clube em 1945, não teve muitas chances, afinal era o auge do esquadrão do River Plate conhecido como "La Maquina". Após um ano emprestado ao Huracan, retornou e conquistou o Campeonato Argentino, sendo ainda o artilheio da competição e se destacando em meio a outros mitos como Angel Labruna, Amadeo Carrizo e Juan Carlos Muñoz. De lá, se transferiu para o Millionarios, equipe Colombiana por onde ficou por 4 temporadas, se transformando o maior artilheiro da história do clube. Na época, o Millionarios era uma das mais respeitadas equipes do mundo. Viajavam por toda América LAtina e Europa participando de diversos amistosos e torneios. Em uma viagem à Espanha, e equipe colombiana bateu o Real Madrid por 4 x 2 em pleno estádio Santiago Bernabeu, o que chamou a atenção do Barcelona, que não tardou em negociar a compra do jogador.


Na Espanha, nem teve tempo de debutar oficialmente pelo Barcelona. O clube da Catalunya havia negociado o jogador junto ao River Plate, enquanto o Real Madrid negociara o passe com o Millionarios da Colombia. Para resolver a confusão, o então ministro dos esportes General José Moscardo decidiu que o jogador faria temporadas alternadas pelo 2 clubes, durante 4 anos. O Barcelona se recusou, considerando a decisão um ultraje, já que havia negociado com o jogador primeiro e com isso resolveram deixa-lo em definitivo com o rival da capital. Mal sabiam os catalões qual grande era o erro que acabavam de cometer.

Chegando ao Real Madrid, Di Stéfano deu o pontapé inicial do periodo mais vitorioso de um clube na história do futebol. Logo na 1ª temporada pelo clube, o argentino foi campeão espanhol e artilheiro da competição. No ano seguinte, o clube de Madrid contrataria o hungaro Ferenc Puskas, e ai estava formada uma das maiores e mais vencedoras duplas já vistas. Em 7 anos jogando juntos, transformaram o Real Madrid no maior vencedor de campeonatos espanhóis, superando Barcelona, e ainda se tornaram o  "Rei de Copas" da Europa, com a conquista de 5 Copas Européias (atual Liga de Campeões) seguidas. Di Stefano ainda nunca fez questão de esconder sua raiva pelo Barcelona, graças à "desfeita" que o clube fizera ao cedê-lo ao Real Madrid sem muito esforço. Talvez por isso ele ainda seja conhecido como um dos maiores carrascos do rival, no maior clássico da Espanha.   

Infelizmente, Di Stefano não conseguiu ter o mesmo sucesso que obteve nos clubes por alguma seleção. "Alguma seleção", já que ele jogou por 3 seleções diferentes, Argentina, Colombia e Espanha. Mas nem foi preciso. Tentou seguir como treinador, mas não teve muito sucesso. Hoje, o atual Presidente de Honra do Real Madrid ainda se mantém como um dos mais respeitados no meio do futebol, tanto que nenhuma contratação do clube é feita sem aconselhamento ou sem ele receber o próprio jogador contratado.

Assim é a lenda de Di Stefano. A "Flecha-Loira" que cruzou um continente, para se tornar um dos Deuses do Esporte, e "O Deus" de Madrid.


Frases sobre ele:

- "Se Pelé foi o violinista principal, Di Stéfano foi a orquestra inteira". - Helenio Herrera, ex-técnico do Barcelona.

- "Foi o jogador mais inteligente que vi jogar e transpirava esforço e coragem." - Sir Bobby Charlton, ex-jogador do Manchester United e campeão do mundo pela Seleção Inglesa.

- "A história do Real Madrid começa de fato com a vinda de Di Stéfano" - Emilio Butrageño, ex-jogador do Real Madrid e atual membro da diretoria do clube.