sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

José Ferreira Neto - O Xodó da Fiel

É uma lenda porque:  20 anos atrás, foi o principal responsável pelo primeito titulo brasileiro do Corinthians.

Ontem, dia 16 de dezembro, foi um dia especial para os Corinthianos. Se completou o 20º aniversário de seu primeito titulo do Campeonato Brasileiro. Naquele ano, poucos eram os que acreditavam em alguma chance de titulo do alvinegro. A equipe era taxada de limitada, levando os jogos mais na base da força de vontade e raça do que na técnica. Mas aquele time possuia sim um diferencial. Um camisa 10 constantemente taxado de "gordinho" e preguiçoso, que surgiu de maneira meteórica no Guarani de Campinas e já vinha de passagens sem brilho por São Paulo e Palmeiras. Um jovem conhecido apenas como "Neto".

 Jovem de muito talento mas de considerável rebeldia, Neto se destacou pelo Guarani de Campinas em 1986. Sua rapida ascensão, despertou o interesse de grandes clubes e se trasnferiu para o São Paulo no ano seguinte. Na equipe do Morumbi não conseguiu repetir o mesmo sucesso e acabou voltando ao Guarani para no ano seguinte, no Campeonato Paulista de 1988, voltou a brilhar.




Apesar de ser dito como o maior destaque do torneio e fazer um golaço de bicicleta em um dos jogos finais, acabou sendo vice-campeão do torneio, perdendo a final justamente para o Corinthians. No mesmo ano, conquistou a medalha de prata nos Jogos Olimpícos de Seul jogando ao lado de outros grandes craques como Romário e Taffarel. Em 89 foi contratado pelo Palmeiras, onde constantes discussões com o técnico Émerson Leão lhe impediram de apresentar o mesmo futebol que mostoru na equipe de Campinas e no mesmo ano se transferiu para o Corinthians. Um bom négocio para a equipe do Parque São Jorge, que enviou o meia Ribamar em troca do passe de Neto.

Finalmente chegamos a 1990, poucos acreditavam no Corinthians no Campeonato Brasileiro de 1990. A equipe começou mal o torneio com diversas derrotas e vitórias magras, pouco convincentes. Mas na reta final da primeira fase, eis que a estrela de Neto começou a brilhar. Sua garra, liderança e principalmente suas cobranças de falta venenosas foram dando esperança à torcida corinthiana durante toda a primeira fase do campeonato, onde o Corinthians terminou na 7ª colocação e se classificando para enfrentar o Atlético MG, 2º lugar na primeira fase.

A partir dai, a estrela de Neto não apenas brilhou mas praticamente cegou os adversários. No primeiro jogo, após estar perdendo por 1 x 0 no Pacaembu, o Corinthians virou o jogo com dois gols do próprio Neto, bastando apenas manter o resultado de 0 x 0 no jogo de volta em Minas Gerais. Veio a semi-final contra o Bahia, campeão brasileiro de 88. Em uma espécie de reptição do jogo contra o galo mineiro, novamente o time alvinegro saiu perdendo e novamente ele decidiu o jogo, marcando o gol da virada, de falta, em um novo 2 x 1 corinthiano. Na volta, outro 0 x 0 e o desacreditado Corinthians estava na final.

Na grande final contra o poderoso e favorito São Paulo de Telê Santana, todos os olhares estavam sobre Neto. E curiosamente, ele, que liderou a equipe na fases decisivas, não marcou gol em nenhum dos dois jogos das finais. E mesmo sem marcar gols, ainda foi decisivo. O gol de Wilson Mano que garantiu a vitória de 1 x 0 no primeiro jogo saiu de um cruzamento dele em uma (pasmem) cobrança de falta precisa. No jogo de volta, Tupãzinho fez o gol que garantiu o titulo corinthiano e o nome de Neto na história do Corinthians.

Infelizmente, nos anos seguintes Neto não conseguiu manter o mesmo nivel de 1990 e depois de diversas lesões e polemicas, deixou o Corinthians para se aventurar em clubes como Santos, Atlético MG e Milionarios da Colombia. E em nenhum lugar conseguiu o mesmo sucesso que teve pela equipe alvinegra, para onde voltou no final da carreira e ser campeão Paulista em 1997, mas sem grande destaque na conquista. E nos anos seguintes, após diversas lesões, encerrou a carreira.

 Hoje comentarista esportivo, Neto ainda mantém sua personalidade arredia e sempre polêmico. Por sua carreira de jogador, ele passou por muitas coisas: de craque prodigio do Guarani para promessa são saulina. De promessa são paulina para um "sonho" palmeirense. De sonho palmeirense para esperança santista. Mas não adianta, ele sempre será eternizado como um dos maiores, ou talvez até "o" maior Xodó da Fiel torcida Corinthiana.

Parabéns pelo aniversário da conquista, Corinthians.

E obrigado justamente por essa conquista, porque sem você dificilmente ela teria sido possivel. Muito obrigado, Neto..


Frases sobre ele: 

- "Ele tem um chute poderoso e muita habilidade, tem coisas parecidas comigo. É veloz e sabe tratar bem a bola. E tem tendência a engordar. Não entendo como não foi a Copa" - Ferenc Puskas, um dos maiores jogadores da história comentando sobre a não convocação de Neto para a Copa de 1990.

- "Sou rebelde mesmo, não sei jogar de outro jeito." - Neto sobre si mesmo em campo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Julio César Romero, Romerito - O "Puro-sangue" Paraguaio

É uma lenda porque: Antes de Conca, ele foi o grande destaque "estrangeiro" do ultimo titulo Brasileiro do Fluminense, 26 anos atrás.

No ultimo domingo, o Fluminense se sagrou campeão do Campeonato Brasileiro de 2010. A equipe das Laranjeiras não sabia o que era gritar "É, CAMPEÃO!" de um Brasileiro desde 1984. Naquele ano, o time contava com uma das suas melhores formações e gerações da entitulada "Maquina Tricolor", apelido ganho durante os anos 70. E nessa Maquina, um de seus principais jogadores havia chego ao clube com o apelido de "Cavalo Paraguaio". E esse "cavalo paraguaio", que acabaria sendo o autor do gol do titulo, se chamava Romerito.

Romerito começou sua carreira no Sportivo Luqueño, time da cidade de Luque onde nasceu, no Paraguay. Destacou-se pela sua seleção no Sulamericano sub-20 de 1979, como o artilheiro da  competição, e atingiu a maior notoriedade após a conquista da Copa América do mesmo ano, no Brasil. Nesse campeonato, Romerito fez o gol que desclassificou o Brasil nas semi-finais em pleno Maracanã e marcou os 2 gols do titulo da seleção paraguaia na final contra o Chile. Sua ascensão meteórica o levou rapidamente à constelação do New York Cosmos, dos EUA. Lá, durante 3 anos, atuou ao lado de outras grandes lendas do futebol mundial como Pelé, Beckenbauer, Carlos Alberto Torres, entre vários outros.

Eis que em 83, Romerito desembarca no Rio de Janeiro. Sua nacionalidade lhe rendia as constantes piadas com a "lenda do cavalo paraguaio", ou com a "baixa qualidade" dos produtos vindos do mesmo país. Mas este cavalo, produto, ou qualquer outro termo que preferirem, era diferente. No Tricolor Carioca, que defendeu por 5 anos, foi campeão e peça decisiva para o Campeonato Brasileiro de 84 e o bi-campeonato carioca em 84 e 85, marcando gols em todas as partidas finais dos respectivos torneios.

Na temporada 89/89, despediu-se do Fluminense e partiu rumo a Espanha, para defender o Barcelona. Mas no clube da Catalunya não conseguiu repetir as mesmas atuações que havia feioto no Brasil. Seja pela crise do clube na época ou por qualquer outro motivo, acabou deixando a equipe na temporada seguinte, para jogar no México, novamente sem o mesmo sucesso que teve pelo Fluminense. E pelo resto da década de 90 até o inicio dos anos 2000, rodou diversos clubes de menor expressão em sua terra natal, até abandonar de vez a carreira em 2003.

Um guerreiro guarani iluminado, idolo (e hoje também torcedor) de uma das mais apaixonadas torcidas do Brasil e um dos responsaveis pelo crescente respeito de sua nação. Esse foi Julio César Romero, o "alazão puro-sangue" paraguaio. Essa foi a lenda de Romerito.






Frases sobre ele: 

-  Romerito não, "Don Romero!" - Torcida do Fluminense, sobre Romerito.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Rogério Ceni - O Mito Tricolor

É uma lenda porque: é o maior goleiro-artilheiro de todos os tempos e um dos poucos jogadores na história que permaneceu mais de 20 anos em um unico clube.

Hoje, no dia 7 de Setembro, além de independencia do Brasil os São Paulinos comemoram os 20 anos de Rogério Ceni jogando pelo São Paulo.

Muito mais que um simples goleiro, é mais um dos jogadores destacaveis por sua personalidade e inteligencia diferenciadas. Lider dentro e fora de campo, ousou avançar os limites do gol e da área que defendia, justamente para fazer gols. Gols, exatamente 90 gols que o tornam uma presença garantida em qualquer livro de recordes no futebol. Nenhum goleiro fez tantos gols quanto Rogério Ceni.

Apesar de muitas "controvérsias" sobre sua anteriormente citada personalidade, sempre foi um profissional inquestionável. Sempre buscando a perfeição, sempre treinando mais que os outros e sempre querendo jogar. Jogos, principalmente em campeonatos Brasileiros, engrandecem sua lista de recordes. Nenhum jogador jogou tanto em campeonatos Brasileiros quanto Rogério Ceni.

Em sua busca pelo aperfeiçoamento e os recordes, um especifico era inevitável. Após 205 jogos como reserva do irretocavel Zetti, Rogério abraçou sua oportunidade e nunca mais a largou. Em 924 oportunidades, vestiu e honrou a camisa Tricolor. Nenhum jogador atuou tantas vezes pelo São Paulo quanto Rogério Ceni.

Atrelado ao mesmo numero de jogos, ninguém no próprio São Paulo levantou tantos titulos, ninguém no São Paulo ganhou tantos premios individuais, ninguém no São Paulo foi tão prestigiado e respeitado...

Problemas? Claro que houveram também. Divergências com diretores, polemica sobre uma falsa proposta de um clube europeu, perseguição da própria torcida durante alguns anos de resultados ruins... mas no final, tudo foi superado e mais do que devidamente recompensado.

Nos dias de hoje, graças ao "profissionalismo" do futebol, são raros exemplos de jogadores que permanecem a carreira toda em um unico clube, ainda mais com o exodo de atletas brasileiros para o exterior. Rogério Ceni é um caso de devoção ao time pelo qual joga que deveria ser seguido.

Uma jovem promessa que passou a reserva de outro idolo. O reserva que se firmou ainda jovem, e lutou para superar certas contestações técnicas, criticas e perseguições. E com tudo isso se tornou o maior idolo da história do São Paulo Futebol Clube.

Essa é a lenda, ou melhor, o mito de Rogério Ceni.




[ATUALIZAÇÃO 27/03/2011] E hoje, mais uma vez, o mito aumentou seu próprio recorde. Em mais um dos clássicos episódios irônicos do futebol, Rogério Ceni marcou seu gol de número 100 justamente contra o  grande rival do São Paulo, o Corinthians, clube que vinha de comemorações de seu ano de centenário "desastroso", e nunca havia recebido um gol de falta do goleiro.

Que o dia 27 de Março do ano de 2011 seja lembrando pela eternidade como o dia em que um goleiro teve a audácia de comemorar seu centésimo gol na carreira.

Que essa data marque a definitiva em que um homem ultrapassou a barreira que o tornava pratimônio do clube que defende, mas passou a pertencer ao mundo.

Que este dia seja lembrado como o dia da confirmação de uma imortalidade.



Que este seja lembrado como o dia de Rogério Ceni.

[ATUALIZAÇÃO 07/09/2011] Exatamente um ano atrás, escrevi esta crônica falando sobre os 20 anos de Rogério Ceni com a camisa tricolor. No começo de 2011, ele alcançou a meta de 100 gols, feito inédito para um goleiro. E agora, Rogério escreve seu nome na história (mais uma vez...) se tornando um dos poucos jogadores na história do futebol que conseguiram a façanha de fazer 1000 jogos por seu clube.

Não existem mais palavras ou elogios a se fazer. Nada de fatos a se notar ou números a se contar.

Sem comentários.

Apenas aplausos.




Frases sobre ele:

- "Na partida, nem precisou mostrar a outra face, igualmente prodigiosa, de sua notoriedade. Não há, no mundo, outro exemplo de goleiro com tamanha lucidez jogando com os pés. Pés que pensam. Pés que, por onde passam, vão deixando pela grama rastros de mãos." - Armando Nogueira

- "Todos tem goleiro, só nós temos Rogério." - Torcida São Paulina.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira - O Doutor

É uma lenda porque: gênio dentro e fora de campo, idolo, lider e simbolo de uma geração Corinthiana.

Quantas vezes na história vimos um jogador de futebol transceder os limites entre louco e gênio? Quantos jogadores foram vistos com a capacidade de colocar sua própria ideologia em um clube e mudá-lo? Quantos jogadores se envolveram em movimentos fora do campo visando a mudança mais do que necessária em seu país? Entre essa minoria gritante, um homem, carregando o nome de um dos maiores filósofos da história revolucionou um clube com sua sabedoria e genialidade que iam muito além das quatro linhas.

Ano de 1978. O célebre presidente do Corinthians Vicente Matheus anuncia a contratação de um jovem jogador vindo do Botafogo de Ribeirão Preto.  Alto, magro, o estudante de medicina (algo mais do que raro na época, aliás, raro até hoje um jogador aliar o esporte aos estudos) vinha gerando a cobiça de vários clubes Paulistas. O São Paulo Futebol Clube chegou a sondar seu passe, mas seu destino havia sido definido no Parque São Jorge.

Lá, viveria os seus melhores anos de carreira (segundo suas próprias palavras), aderindo a camisa Corinthiana como se fosse sua própria pele dentro de campo, e aliando seus principios ideológicos com a história do clube, criando uma identificação que hoje o tornão a unica unanimidade em qualquer eleição de "maiores idolos" do clube.
Em campo, sua classe, elegância, inteligencia e frieza se aliavam com raça e liderança. Tais atributos não tardaram em lhe garantirr uma vaga na seleção brasileira. Na Copa de 1982, seria não apenas uma das estrelas do magico meio de campo do Brasil que encantou o mundo lado de Zico, Falcão e Toninho Cerezo, como também o capitão da equipe. Por um dos famosos "acasos" do futebol, aquela brilhante seleção foi eliminada pela Italia em um jogo mais do que atipico. Quatro anos depois, na Copa do México, teve sua chance de se redimir pelo fracasso da Copa anterior, mas novamente em um daqueles momentos em que percebemos o porque do futebol ser uma paixão inexplicável, seria eliminado em uma disputa de penaltis contra a França, no qual seria um dos jogadores que perdeu sua cobrança. 

Voltando ao Corinthians, as mudanças que traria ao clube se iniciaram em 1981. Com a saida do então presidente Vicente Matheus, Waldemar Pires herdaria o cargo e inovaria, graças a pedidos não apenas de Sócrates, mas outros idolos daquele time como Wladimir, Casagrande, Zenon e Biro-Biro ajudaram a instituir o "voto direto" em toda e qualquer decisão dentro do clube. Desde os jogadores e comissão técnica, até o presidente e o roupeiro, todos teriam o direito de votar igualmente. Os jogadores em sua maioria contra a Ditadura militar que regia o Brasil, também participam de movimentos de partidos politicos que iam contra a ditadura. O Corinthians foi o primeiro clube do país a utilizar marcas publicitárias em sua camisa, mas na maioria das vezes o enfoques das "propagandas" da camisa eram frases contra a ditadura. Os mesmos jogadores também participaram dos movimentos "Diretas Já". O publicitário e também muito Corinthiano Washington Olivetto batizou tudo isso como "A Democracia Corinthiana."





Nos dois titulos Paulistas conquistados em 82/83, seu calcanhar mágico e os ideais pelos quais lutava ao lado de seus companheiros de time fizeram a diferença nas duas finais contra o São Paulo, que o havia apenas "sondado" no seu inicio de carreira. Em 1984, se transferiu para a Fiorentina, e apsar de ser visto como um grande jogador que passou pela equipe da cidade de Florença, ficou pouco tempo na Italia por desconfiar do envolvimento de alguns colegas de clube com apostas e manipulações de jogos. De volta ao brasil, atuou por Flamengo e Santos antes de se transferir para o Botafogo de Ribeirão Preto, o time em que havia começado a carreira e seria seu ultimo.
Mesmo com seu fracasso em Copas do Mundo, continua sendo um dos mais respeitados jogadores brasileiros do mundo. Liderou uma um time do interior, uma seleção de astros e uma democracia.  Sua frieza em campo contrastava com a personalidade fortissima fora dele. E apesar disso, levava a fama de um atleta "boemio", algumas vezes até debochado.  Bebia, fumava, não ia bem em testes fisicos, mas nunca deixou de ser um jogador genial. Afinal, por que um intelectual declarado e confirmado deveria ser "sério" nesse meio? Teria sido talvez uma satira própria, uma vez que possuia muito mais "saber" do que qualquer ao meio futebolistico que pertenceu?



Um médico que nunca escondeu seu lado "monstro" dentro de campo e na hora de expor suas idéias politicas e filosóficas. Assim foi a lenda do até hoje filósofo Sócrates Brasileiro. Assim é a lenda do gênio e hoje ainda mais idolo Sócrates Corinthiano...



Frases sobre ele:

Ele joga de costas (pro gol) o que muitos não jogam de frente. - Pelé  

- Era engraçado quando discutiamos no vestiário do Corinthians. Nunca ninguém chegava a nenhuma conclusão, mas quando o Sócrates abria a boca, todos ouviam e concordavam. - Solito, goleiro do Corinthians campeão Paulista de 82

- “Quando cheguei ao Parque São Jorge eu disse, com absoluta frieza, que não era corinthiano, que era até anticorinthiano. Hoje, com a carreira encerrada, digo com a mesma tranqüilidade que sou corinthiano até morrer. Eu, que sempre digo que não mudaria nada em minha carreira, se pudesse começar tudo outra vez, talvez, na verdade, mudasse uma coisa, algo totalmente inviável, mas enfim: se pudesse, eu gostaria de ter nascido no Parque São Jorge. Porque a torcida faz isso com você. Já vi moleque mudar de time só com a visão do que a torcida corinthiana é capaz de fazer num estádio.” - O próprio Sòcrates, em entrevista a Juca Kfouri
 



terça-feira, 3 de agosto de 2010

[ESPECIAL] Lendas por acaso, PT 2 - Marcos Aurélio Galeano

É uma lenda porque: fez um dos gols mais importantes da história do Palmeiras, quiçá "O" gol mais importante.

Já faz algum tempo que o Palmeiras vem em má fase. Onze se passaram desde o titulo da Libertadores, o ultimo titulo de "grande escala" do clube. De lá pra cá, crises financeiras e politicas, rebaixamento, humilhações, eliminações traumatizantes em todos os torneios disputados e apenas um Campeonato Paulista conquistado em 2008 para se vangloriarem. A década de 2000 se firmou como uma das páginas mais negras na história da Sociedade Esportiva Palmeiras. Mas no seu começo, especificamente no ano 2000, uma partida valeu para os Palmeirenses mais do que qualquer titulo de sua galeria, e um personagem até então contestado e pouco valorizado passou a ser um dos maiores idolos da história do clube. Seu nome: Marcos Aurélio Galeano.

Desde seu inicio de carreira no próprio Palmeiras em 1989, Galeano nunca foi visto como um jogador muito além do "esforçado" ou "raçudo". Polivalente, atuava tanto de zagueiro quanto volante, compensava sua pouca técnica sempre com um excesso de vontade que muitas vezes foi confundida com violência. Tal "violência", lhe trazia a vista de um jogador estabanado, limitado e que muitas vezes comprometia a equipe. Poucos, pouquissimos aliás eram os palmeirenses que nutriam algum respeito por ele, até o dia 6 de Junho do ano 2000.

Nessa data, Corinthians e Palmeiras faziam aquele que até hoje é considerado o maior confronto da história deste clássico. Era o jogo de volta das semi finais da Copa Libertadores da América. No 1º jogo, a vitória sorriu para o lado corinthiano em um emocionante 4 x 3. O Corinthians vinha de duas temporadas espetaculares, com um time que jogava, como diziam, o "fino da bola". O Palmeiras, capitaneado por Luis Felipe Scolari, o Felipão, havia conquistado a Libertadores no ano anterior e tinha uma equipe forte que não deixava a desejar quanto ao seu rival.


Entre 98 e 2000, Corinthians e Palmeiras atingiram o ápice de sua quase secular rivalidade. Tantos jogos emocionantes e decisivos no periodo e as conquistas de cada clube os credenciavam como os maiores  clubes do país até então. O alvi-verde do Palestra Italia eliminou a equipe do Pqe. São Jorge nas quartas de final Libertadores de 99, fato que alimentou o clima de revanche e vingança alvi-negra que ainda estava confiante graças à vitória do primeiro jogo.

No jogo de volta, o país parou para assistir a partida. A audiência dos canais de televisão naquele dia só foi sobrepujada pela final da Copa de 2002 entre Brasil e Alemanha e até hoje se mantém como a segunda maior audiência da história da TV Brasileira. Os Corinthianos, vindo com o bi campeonato brasileiro (98/99) e o Mundial  conquistado no começo de 2000 não tinha problemas em admitir seu favoritismo, já o Palmeiras, além da Libertadores do ano anterior confiava em seu retrospecto positivo contra o rival nos jogos recentes.

E tal como esperado, o embate entre os dois maiores rivais foi épico e atendeu todas as expectativas de todo e qualquer amante do futebol, mostrando uma partida quase perfeita de duas equipes que aliavam a técnica com raça e determinação. Euller abriu o placar para o Palmeiras ainda no 1º tempo. O centroavante do Corinthians, Luizão, artilheiro da competição fez dois gols e virou o jogo para a equipe alvi-negra, e o meia Alex, camisa 10 do alvi-verde empatou novamente a partida, até os 18 minutos do 2º tempo...

Até aquele momento, Galeano tinha apenas uma participação discreta na partida, como de costume. Determinado taticamente, cumpria sua função de "cão de guarda" da zaga palmeirense.

Adilson Batista, na época zagueiro do Corinthians e hoje técnico da mesma equipe, fez falta em Marcelo Ramos proxima a área corinthiana pelo seu lado esquerdo. Alex se preparou parar fazer a cobrança. Como era uma jogada "costumeira" dos jogadores do Palmeiras na época, a maioria deles que estava dentro da área no lance correram para o "primeiro pau", deixando apenas o mesmo zagueiro Adilson e o nosso personagem principal do dia, que naquele momento era o capitão da equipe.

Alex fez a cobrança, e por algum motivo, ao contrário do habitual, o meia cobrou a bola na outra trave mesmo após ver movimentação dos jogadores do Palmeiras. Adilson, o unico zagueiro corinthiano cobrindo aquele lado direito não percebeu a passagem de Galeano, que livre só teve o trabalho de se aproveitar do erro do zagueiro e do fato do goleiro Dida não ter saido do gol, cabeceou a bola para o fundo da rede.


A partir dai, todos já conhecem a história: o fim de partida emocionante. Os penaltis. Marcelinho Carioca. Marcos...

Por ter pego o penalti decisivo, pela midia e por quem viu o jogos, Marcos saiu como o herói da partida. Mas para os palmeirenses, Galeano, o sempre crucificado e questionado Galeano, entrou para a galeria dos mais inusitados personagens decisivos de uma jogo de futebol. Um jogador pouco valorizado, desvalorizado, se tornou uma lenda. E até hoje, 10 anos depois, é mais lembrado pelos palmeirenses do que o próprio Marcos.

Assim foi o lance que tornou Galeano um heroi. Um jogador que foi revelado como uma "prata enferrujada", e se tornou um dos maiores idolos da história do Palmeiras. Assim ele se tornou uma Lenda por Acaso...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Seleção Espanhola de 2010 - La Furia

É uma lenda porque: conseguiram livrar a Espanha do estigma de "pipoqueira" vencendo as duas principais competições que disputaram inquetionavelmente, e provaram que nos tempos modernos ainda é possivel vencer e jogar bonito.



Certo, extamente uma semana pra conseguir logar nessa beleza de Blogspot, consequentemente sem conseguir colocar essa crônica que estava pronta a algum tempo. Havia desistido dela, fazendo até "enquete" pelo Twitter para definir apenas uma lenda nessa seleção. Mas pensei melhor e vi que ninguém nesse time espanhol pode ser citado sozinho. Portanto ao invéz de puxar apenas um herói para a conquista, por que não citar todos?

É até simples: esse caso, esse titulo da Espanha é um pouco diferente e mais especifico que os demais. Normalmente, nos grandes times e seleções da história, sempre haviam um dois jogadores dignos de serem lembrados individualmente pelos seus serviços prestados. Mas no caso dessa Espanha, não havia tal gênio. Seu maior diferencial foi o conjunto, o coletivo, o trabaho em equipe. Varios craques juntos que conseguiram livrar sua nação dos rótulos de "pipoqueira" e "amarelona" e

Porém, apesar de não haver "A" lenda em meio esse exercito, haviam ao menos seus pilares centrais. Todo time precisa de sua espinha dorsal. E hoje serão homenageados os principais jogadores, ou os mais decisivos durante toda a campanha da Furia rumo ao seu 1º titulo mundial.


Iker Casillas, O Capitão - Muito questionado após a derrota frente a Suiça na 1ªfase. Poucos acreditavam que poderia se recuperar, mas acabou fazendo mais que isso. Decisivo contra o Paraguay, e herói da final ao lado de Iniesta, após duas defesas espetaculares de jogadas do holandês Arjen Robben. Capitão, herói, e um grande apaixonado. Após a final, o beijo que deu em sua namorada Sara Carbonetto após ser entrevistado por ela, emocinou quase todas as mulheres do mundo.

Gerard Piquè,  - Zagueiro com mais de 1,93. Qualquer um ao ver isso em sua ficha, provavelmente pensaria: "Mais um zagueiro que só vai bem no jogo aéreo." Ledo engano. Piquè contraria os paradigmas e se apresenta como um zagueiro de rara classe ao jogar de cabeça erguida com boa qualidade de saída de bola. Talvez não seja o melhor zagueiro do mundo, mas forma ao lado de seu companheiro a seguir com certeza a melhor dupla de zagueiros do mundo.


Carles Puyol, O Guerreiro - Questionavel técnicamente? Indiscutivel simbólicamente. Carles Puyol, o guerreiro simbolo do Barcelona e da Catalunya, foi o autor do gol que levou a Espanha à sua primeira final de Copa do Mundo. Com o fim da Copa, chega também ao fim seu ciclo com a seleção Espanhola. Confirmou sua aposentadoria com a camia da Fúria, saindo como irretocável vencedor.


 Sergio Busquets, O "Polvo" - Como bem definiu o goleiro reserva, Pepe Reina: - "O homem que tem braços e pernas em todas as partes do campo, ele desarma, arma, acaba com uma jogada e começa outra em seguida.". Com sua pouca idade, se tornou titular e peça fundamental da equipe. Subiu com desconfiança, e saiu como peça chave.

Xabi Alonso, O Pulmão - Ele que deveria ser o jogador mais firme e com sobra de força do elenco, foi também o que mais sofreu e touxe consigo inumeras feridas de guerra. O volante marcador teve pelo menos um lance de destaque em cada jogo da Espanha. Hora com excelentes chutes de longa distancia que explodiram na trave, com o penalti perdido contra o Paraguay ou até mesmo com o golpe de Kung-Fu que recebeu do volante holandês Nigel de Jong na partida final.

Xavi Hernandez, O Maestro - Nenhuma jogada de gol começa sem passar por seus pés. Sua calma, paciencia, visão e inteligencia. Muitos dizem que sua forma de jogo espetacular é apenas uma fase, mas não devem estar cientes de que essa fase já dura cerca de 4 anos no minimo. Grande lider dentro e fora de campo, foi o melhor jogador da Espanha no titulo da Eurocopa (e mais tarde eleito como o melhor jogador do torneio), divide com Puyol a responsabilidade de serem os principais idolos do Barcelona da atualidade.

Andrés Iniesta, El Puto Crack - Também poderia ser chamado de predestinado ou herói, pois poucas pessoas na história conseguiram ser tão decisivos em pouco mais de 1 ano. Desde seu histórico gol pelo Barcelona contra o Chelsea na semi-final da Liga dos Campeões de 2008/2009.


David Villa, El Maravilla - O homem gol da Furia. O maior artilheiro da história da Espanha em Mundiais terminou a Copa como um dos poucos jogadores que cumpriram as previsões. Em certos momento houve atém quem dizia que a bola lhe procurava, apenas para que lhe colocasse dentro do gol.








Pedro Rodrigues, O Mascote - Sua velocidade em campo denota perfeitamente como foi sua ascensão no futebol. Na mesma temporada em que foi "efetivado" ao time profissional do Barcelona, fez gols em todos os jogos mais importantes do clube durante a temporada, ganhou sua primeira convocação para a seleção, e justo em uma Copa do Mundo. Com o "baleado" Fernando Torres em má fase, aguardou com paciência sua oportunidade. No lugar de "El Niño" foram testados muitos como Jesus Navas, David Silva, Fernando Llorente, e todos muitas vezes. Já Pedrito precisou de apenas uma chance para se mostrar digno da posição. Foi recompensado com a vaga de titular na semi-final e na final, e premiado com o titulo.

Vicente Del Bosque, o General - São poucos os grandes jogadores que conseguem ser grandes treinadores. Vicente del Bosque se enquadra nesses raros exemplos. Idolo e vencedor pelo Real Madrid na decada de 70, repetiu o mesmo sucesso que obteve como jogador para a carreira de treinador pelo mesmo Real Madrid, e agora para a seleção espanhola. E contrariando muitos, ele assumiu as redeas da equipe com o pedido de demissão do técnico anterior Luis Aragonés e não interferiu no já definido estilo de jogo da equipe. Trocou algumas peças, mas manteve a mesma base, mas desta vez  com u mresultado ainda melhor...




Outros deveriam estar nessa lista, como o anteriormente citado Fernando Torres, autor do gol do titulo da Eurocopa de 2008, Sergio Ramos e Capdevilla, os laterais titulares, ou até mesmo Pepe Reina, que apesar de não entrar em campo, protagonizou um grande show na chegada da equipe a Madrid, mas não seria justo com a importancia que estes tiveram, e isto não diminui a participação dos "ausentes".

Tal como o também jogador e integrante deste elenco lendário, Alváro Arbeloa comparou: esses espanhóis agiram como verdadeiros Espartanos. Seus exércitos anteriores tiveram que ser abatidos muitos vezes para que por fim percebessem a chave para se tornarem campeões. E tal como os verdadeiros Espartanos, a glória da batalha e da vitória os tornaram imortais.  

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Obdulio Varela - El Negro Jefe

É uma lenda porque: foi o lider do ultimo titulo Mundial da seleção Uruguaia na Copa de 1950, no Brasil.


Olá pessoal! Depois de um tempo afastados, cá estamos nós novamente para falar de mais uma das maiores lendas do futebol Mundial. Eu sinceramente nem estava com a "inspiração" pra escrever algo graças à derrrota e consequente eliminação do Brasil para a Holanda no jogo de hoje pelas quartas de final da Copa do Mundo. Mas assistindo o segundo jogo de hoje dessa fase entre Uuguay e Gana, quase esqueci do que havia ocorrido de manhã. A Celeste Olimpica venceu os africanos nos penaltis após uma partida que, apesar de fraca técnicamente, rendeu muitas emoções até o final do tempo regulamentar.

A vitória uruguaia me fez lembrar das histórias que meus avôs me contavam quando eu era menor, sobre o quão temidos os uruguaios eram. A Celeste era não apenas sinônimo jogo bonito, mas referência de futebol competitivo e vencedor nos primórdios do esporte. Haviam muitos jogadores deles hoje considerados lendas (alguns serão abordados nesse blog no futuro), mas havia um em especial que sempre me chamava a atenção: seu nome era Obdulio Varela, também conhecido como "El Negro Jefe".

Segundo eles, Obdulio era não apenas um grande jogador, mas também um líder incomparavel dentro e fora de campo, do mesmo nivel ou até superior a lideres como Beckenbauer e Cruyff. Conseguia aliar a elegância e a classe com a bola nos pés, com a raça caracteristicas uruguaia, não hesitando em deixar seu próprio em sangue em campo.

Nascido em Montevidéu, desde cedo trabalhava para ajudar a sustentar sua familia. Foi entregador, pedreiro, mensageiro... até o dia em que começou a jogar no time juvenil do Juventud de Montevidéu. De lá foi para o Montevidéu Wanderers e por fim o Peñarol, clube no qual ficaria marcado como o princial idolo durante os 13 anos em que atuou. Suas exibições de gala ainda no 2º clube lhe renderam a vaga de titular na seleção uruguaia rapidamente.  

Mas sua maior exibição foi em um certo dia 16 de Junho no ano de 1950. A Copa do Mundo de futebol era realizada no Brasil, país vizinho de sua terra natal. Lá, após uma boa primeira fase, encontraria problemas na fase seguinte e final do torneio. No ultimo jogo, dito como a "final" do quadrangular em que participavam Brasil, Uruguay, Espanha e Suécia, a partida derradeira seria contra os donos da casa, que antes mesmo do jogo se creditavam como campeões da Copa. 

No dia da "final", 200 mil brasileiros estavam no Maracanã  Com a bola que ele mesmo fez questão de buscar no fundo das redes. já no centro do gramado,  ousou olhar para seu companheiros e dizer: "Agora ganharemos." Muito se fala dos gols de Gigghia e Schiaffino, mas poucos sabem da importancia de Obdulio naquela partida. Ele foi quem fez os companheiros acreditarem na vitória até o ultimo minuto. Sua liderança motivou os companheiros até o final. E sua recompensa, dois passes precisos para os gols dos tão famosos Gigghia e Schiaffino. Conclusão: se tornou o protagonista o maior silêncio já "escutado" na história.

Jogador de orgulho e honra raras nos dias de hoje, fez questão de na mesma noite do jogo sair sozinho para encontrar alguns jogadores brasileiros, acompanhado-os com uma cerveja e tentando consolá-los pela derota que haviam sofrido. Pouco antes de sua morte, chegou até a declarar certo "arrependimento" pelo dia do Maracanazzo, já que viu muito mais tristeza local do que alegria no Uruguay. 

Assim foi Obdulio Varela. O maior simbolo do futebol uruguaio, o homem que criou um estilo próprio de raça para uma nação; calou 200 mil vozes em uma arena que torcia contra ele, e mesmo assim fez questão de se arrepender de tê-lo feito; e que tanto me fazia imaginar e sonhar com as histórias de meu dois avôs, um brasileiro e um paraguaio fanaticos por futebol e que tanto admiravam este incrivel uruguaio. E que onde quer que estejam, sei que estão ao lado dele conversando sobre a Era Romantica do Futebol.



E deixo meus mais sinceros agradecimentos às seleções de Uruguay e Gana, que nos mostraram que a Copa do Mundo não acabou apenas porque a nossa seleção foi eliminada. Ela, o grande espetaculo ainda continua. E o Brasil se vai, mas em 2014 ele voltará. Ou melhor, a Copa vira por nós.


Frases sobre ele: 

-  "Ele não atava as chuteiras com cordões, mas com as veias." - Nélson Rodrigues, jornalista e cronista brasileiro.

-  “Fiz um país chorar de tristeza mais do que o meu país de alegria. E acho que se pudesse jogar aquela final novamente faria um gol contra.” - O próprio Obdulio Varela, sobre o dia do fatídico "Maracanazzo" de 1950.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Lev Yashin - O Aranha Negra

É uma lenda porque: Nenhum goleiro é lembrado como ele, eleito o melhor goleiro de todos os tempos em toda e qualquer eleição feita.




Dia 26 de Abril, dia do goleiro, dia do eterno "vilão" do futebol. Dia daquele que vai contra e tenta impedir a essência do futebol, o gol. Se seu time ganha, ele não fez mais que sua parte. Se perde, a culpa é sua. Mas existirão (e ainda existem) goleiros que deixam para trás a alcunha de "vilão", para se tornarem os protagonistas ou peças fundamentais de seus times.

No caso de Lev Yashin, transcedeu a barreira de simples peça importante ou herói de uma equipe e seleção, e se tornou a maior lenda do futebol soviético, e a maior referência debaixo das três traves já vista no mundo.

Chamado de "Aranha Negra" por seu uniforme sempre negro e sua mobilidade debaixo do gol, ele foi a maior jóia do "futebol cientifico" da antiga União Soviética. Começou a carreira como goleiro de hóquei de gelo quando criança, mas na adolecência migrou para o futebol. Pelo Dinamo de Moscou, equipe que defendeu por toda a carreira, iniciou uma era vencedora entre os anos 50 / 60 que o clube nunca mais obteve. Graças à ele, o time de Moscou é lembrada até hoje como um dos poucos adversários capaz de fazer frente ao Honved de Puskas, a maquina européia da primeira metade da década de 50. E até hoje permanece como o unico goleiro à ser eleito como melhor jogador da Europa pela revista France Football em 1963. 

Graças aos treinos de hóquei e seu porte avantajado (1,89 de altura), como bom soviético, Yashin sempre tinha tudo planejado e calculado. Foi o primeiro goleiro à se adiantar fora da pequena area, agindo como um libero. Seu tradicional uniforme negro servia para "atrapalhar" a visão dos atacantes adversario. Mas segundo ele mesmo, seu maior trunfo vinha antes de cada partida: fumar um cigarro para relaxar e tomar uma dose de vodka para relaxar os musculos.

Entre suas histórias mais famosas, conta-se que ele possivelmente foi o unico goleiro que terminou a carreira com saldo positivo, ou seja, fez mais jogos do que sofreu gols, o que é praticamente impossivel para um goleiro. Infelizmente não há dado oficial que confirme o feito, mas por suas estatisticas pela seleção Soviética (sofreu 70 gols em 78 jogos disputados), em uma época que placares elásticos eram comuns por todo o mundo, não é de se duvidar. Não atoa foi um do poucos à ser condecorado com a medalha da Ordem de Lênin, maior tributo a um cidadão soviético por serviços prestados ao seu pais, tornando-o de maneira "oficial" um herói local. A importancia desse premio pode ser medida pelo fato de que apenas individuos como Yuri Gagarin (1º homem à ir pro espaço) e Vasily Zaitsev (herói da batalha de Stallingrado) terem sido merecedores.

Mais do que apenas um jogador de futebol, Yashin se destacava também por sua simpatia fora de campo, pouco comum aos olhos do mundo devido à sua nacionalidade, já que a principal carecteristica dos soviéticos sempre foi sua "frieza". Hoje, 20 após sua morte, sua lenda permanece viva. A cada quatro anos a FIFA concede ao melhor goleiro da Copa do Mundo o troféu Lev Yashin. Em frente ao Estádio Dínamo de Moscou, maior estádio da Russia, há um monumento em sua homenagem, e em seu tumulo uma escultura estilizada com seu perfil.  


Durante o periodo mais disputado na corrida pelo espaço, Yashin mostrou ao mundo que um homem também podia voar. Os saltos da Aranha Negra transformavam o espaço entre as traves em algo muito mais sólido do que uma simples teia. Transformava-o em uma verdadeira cortina de ferro.



Frases sobre ele: 

- "Aqueles gigante de longos braços de aranha, sempre vestido de preto, tinha um estil o despojado, uma elêgancia sóbria que desenhava a espetaculosidade dos gestos que sobram. - Eduardo Galeano, cronista Uruguaio.

 ""A alegria de ver Yuri Gagarin no espaço só é superada pela alegria de uma boa defesa de um pênalti." - O próprio Lev Yashin, que defendeu mais de 100 penaltis na carreira.


terça-feira, 20 de abril de 2010

[ESPECIAL] Lendas por acaso, pt 1 - Juliano Belletti

É uma lenda porque: Foi o autor do gol do título da 2ª Liga dos Campeões da Europa ganha pela Barcelona, na temporada 2005-2006.

Alguns jogadores passam boa parte da carreira como meros coadjuvantes, para não dizer figurantes. Sempre passam despecebidos, na maioria das vezes sendo mais lembrados por erros e por receber criticas, do que por fazerem algo produtivo. Mas então acontece um lance, uma jogada, um lapso de tempo que transforma o até então discreto, porém criticado carregador de piano, em um herói, em uma lenda. Assim é a lenda de Juliano Belletti.

Com passagens no máximo regulares por São Paulo, Cruzeiro, Atlético Mineiro e Villarreal, e bem contestadas convocações pela Seleção Brasileira, muitos não acreditavam que Belletti estava no Barcelona. Surpresa tão grande quanto o fato dele ter feito parte do grupo que havia sido penta campeão mundial em 2002, a pergunta pairava: como poderia ele, que sempre foi conhecido como um jogador no máximo "esforçado", se integrar ao grande elenco da equipe Catalã?!

Na temporada 2004/2005 o mundo se maravilhava com as apresentações de Ronaldinho Gaúcho. Não apenas ele, a bela equipe que ainda contava com nomes como Deco, Eto'o, Larsson e Xavi encantava o mundo com um futebol bonito e vencedor. E nesse embalo, lá estava ele, Belletti, sempre discreto, sempre esforçado, sempre fazendo sua parte sem criar muitos alardes. Até a partida das oitavas de final da Liga dos Campeões, onde o Barcelona enfrentava o Chelsea, e acabou marcando um gol-contra no 1º jogo no Camp Nou. O Barça venceu o jogo por 2 x 1, mas acabaria sendo derrotado pela equipe inglesa no jogo de volta por 4 x 2. Obviamente Belletti não foi o responsavel pela eliminação, mas o peso de seu gol contra no 1º jogo voltou a lhe render contestações e piadas infames

No ano seguinte, Belletti perdeu espaço e se tornou mais um reserva na equipe. Entrando em campo poucas vezes naquele ano, Belletti viu o Barcelona e Ronaldinho mais uma vez encantar o mundo, atropelando velhos rivais como Real Madrid, Milan e Benfica, e se vingando de novos rivais, como o Chelsea, novamente nas oitavas de final.

Paris, 17 de Maio de 2006. Finalmente chega o dia da grande final entre Barcelona e Arsenal. De um lado, a equipe inglesa liderada pelo francês Thierry Henry buscando seu 1º título, enquanto os catalães lutariam pelo seu 2º, e no banco de reservas, Belletti.

Como não poderia deixar de ser em qualquer final entre duas grandes equipes, o jogo foi emocionante. Arsenal abriu o placar com um jogador a menos ainda no primeiro tempo com gol do zagueiro Sol Campbell. No 2º tempo, os ingleses pareciam se contentar em se defender para segurar o resultado, até que o técnico do Barcelona Frank Rijkaard, precisando avançar ainda mais suas peças, resolveu agir efetuando duas substituições: o suéco Larsson entrou no lugar Van Bommel aos 15 minutos de jogo, e aos 28 no lugar do espanhol Oléguer ele promoveu.... Belletti!

O Barça empatou aos 30 minutos, após bela tabela entre Larsson e Eto'o, onde o camaronês fez um belo gol. Eis então que aos 35, o lance que mudaria muitas vidas, feito pelo menos provável protagonista: Belletti recebeu a bola pela lateral direita, tocou para Larsson e correu para dentro da área!  Novamente o veterano suéco fez uma bela jogada, e devolveu a bola para brasileiro, que dominou chutou forte entre as pernas do goleiro adversário.



Pronto, ai a história estava escrita e Juliano Belletti imortalizado como o autor daquele que foi provavelmente o gol mais importante da história do Barcelona. Hoje, jogando pelo Chelsea, Belletti ainda guarda com muito carinho aquele dia, aquele gol,  visando algum dia voltar ao Barça, como possivel embaixador do clube. E até hoje, 4 anos depois, ainda demonstra surpresa ao falar sobre o lance: - "Às vezes fico pensando: 'Por que eu? Por que me aconteceu isso? Acho que Deus deu esse gol para mim porque nunca reclamei, sempre procurei no trabalho a melhor forma de me superar."

Deus? Destino? Mera sorte? Não importa, cada um tem seu ponto de vista. Mas já é mais do que suficiente saber que você está na história do futebol, Belletti. Com esse gol, você garantiu seu lugar entre as Lendas da Bola.


segunda-feira, 19 de abril de 2010

Alfredo di Stéfano - La Saeta Rubia

É uma lenda porque:  Protagonizou o periodo mais vencedor da história do Real Madrid, é um dos jogadores mais respeitados pelas demais lendas do esporte.

Muito se fala sobre comparações entre Pelé e Maradona como melhores do mundo, Cruyff e Beckenbauer como melhores da Europa. Os próprios citados não tem nenhum medo de mencionarem suas vantagens sobre os outros. Mas ninguém se atreve a se comparar com Alfredo di Stefano.

Nascido em Buenos Aires, capital Argentina, começou sua carreira no até então poderoso River Plate. Em sua primeira temporada pelo clube em 1945, não teve muitas chances, afinal era o auge do esquadrão do River Plate conhecido como "La Maquina". Após um ano emprestado ao Huracan, retornou e conquistou o Campeonato Argentino, sendo ainda o artilheio da competição e se destacando em meio a outros mitos como Angel Labruna, Amadeo Carrizo e Juan Carlos Muñoz. De lá, se transferiu para o Millionarios, equipe Colombiana por onde ficou por 4 temporadas, se transformando o maior artilheiro da história do clube. Na época, o Millionarios era uma das mais respeitadas equipes do mundo. Viajavam por toda América LAtina e Europa participando de diversos amistosos e torneios. Em uma viagem à Espanha, e equipe colombiana bateu o Real Madrid por 4 x 2 em pleno estádio Santiago Bernabeu, o que chamou a atenção do Barcelona, que não tardou em negociar a compra do jogador.


Na Espanha, nem teve tempo de debutar oficialmente pelo Barcelona. O clube da Catalunya havia negociado o jogador junto ao River Plate, enquanto o Real Madrid negociara o passe com o Millionarios da Colombia. Para resolver a confusão, o então ministro dos esportes General José Moscardo decidiu que o jogador faria temporadas alternadas pelo 2 clubes, durante 4 anos. O Barcelona se recusou, considerando a decisão um ultraje, já que havia negociado com o jogador primeiro e com isso resolveram deixa-lo em definitivo com o rival da capital. Mal sabiam os catalões qual grande era o erro que acabavam de cometer.

Chegando ao Real Madrid, Di Stéfano deu o pontapé inicial do periodo mais vitorioso de um clube na história do futebol. Logo na 1ª temporada pelo clube, o argentino foi campeão espanhol e artilheiro da competição. No ano seguinte, o clube de Madrid contrataria o hungaro Ferenc Puskas, e ai estava formada uma das maiores e mais vencedoras duplas já vistas. Em 7 anos jogando juntos, transformaram o Real Madrid no maior vencedor de campeonatos espanhóis, superando Barcelona, e ainda se tornaram o  "Rei de Copas" da Europa, com a conquista de 5 Copas Européias (atual Liga de Campeões) seguidas. Di Stefano ainda nunca fez questão de esconder sua raiva pelo Barcelona, graças à "desfeita" que o clube fizera ao cedê-lo ao Real Madrid sem muito esforço. Talvez por isso ele ainda seja conhecido como um dos maiores carrascos do rival, no maior clássico da Espanha.   

Infelizmente, Di Stefano não conseguiu ter o mesmo sucesso que obteve nos clubes por alguma seleção. "Alguma seleção", já que ele jogou por 3 seleções diferentes, Argentina, Colombia e Espanha. Mas nem foi preciso. Tentou seguir como treinador, mas não teve muito sucesso. Hoje, o atual Presidente de Honra do Real Madrid ainda se mantém como um dos mais respeitados no meio do futebol, tanto que nenhuma contratação do clube é feita sem aconselhamento ou sem ele receber o próprio jogador contratado.

Assim é a lenda de Di Stefano. A "Flecha-Loira" que cruzou um continente, para se tornar um dos Deuses do Esporte, e "O Deus" de Madrid.


Frases sobre ele:

- "Se Pelé foi o violinista principal, Di Stéfano foi a orquestra inteira". - Helenio Herrera, ex-técnico do Barcelona.

- "Foi o jogador mais inteligente que vi jogar e transpirava esforço e coragem." - Sir Bobby Charlton, ex-jogador do Manchester United e campeão do mundo pela Seleção Inglesa.

- "A história do Real Madrid começa de fato com a vinda de Di Stéfano" - Emilio Butrageño, ex-jogador do Real Madrid e atual membro da diretoria do clube.