domingo, 17 de janeiro de 2010

Johan Cruyff - O Revolucionário


É uma lenda porque: Revolucionou o mundo do futebol, dentro e fora de campo.



Revolucionário. Ousado. Idealista. Um jogador de personalidade, capaz de demonstra-la orientando seus companheiros dentro de de campo, sugerir formações e padrões táticos para seu treinador, discutir o valor de seu contrato diretamente com dirigentes, lutar pela liberdade de uma cidade de outro país, e se negar de representar sua seleção em uma Copa do Mundo, por discordar da Ditadura do país sede. Seria um grande gênio, ou apenas mais um louco?

Tinha apenas 12 anos quando sua mãe, faxineira do Ajax Amsterdam, o levou para treinar nas categorias de base do clube visando que isso o ajudaria a curar sua deficiência no pés, que o forçavam a usar botar ortopédicas para andar. E em menos de 3 anos, o jovem franzino e de personalidade forte já discutia o valor  de seu salário e clausúlas de seu primeiro contrato profissional de uma maneira que mesmo adultos teriam dificuldade.

Em campo, sua relativa juventude não o impediam de questionar atitudades de técnicos e companheiros mais velhos. Sua personalidade destemida chamou a atenção de Rinus Mitchels, técnico do Ajax, que não hesitou em tornar o garoto titular da equipe, capitão e peça chave de um esquema de jogo inovador que o ténico desenhava. Cruyff se tornou assim a extensão de Mitchels dentro de campo, que aceitou que o jogador ditasse o jogo e seus companheiros, criando assim a função hoje conhecida como "jogador polivalente", capaz de jogar e fazer qualquer função dentro de campo com a mesma qualidade.

Ao lado de Mitchels no Ajax, ganhou todos os titulos possíveis e iniciou uma era onde os jogadores não apenas poderiam, mas deveriam interferir diretamente nas decisões do clube. Após o primeiro titulo da Liga dos Campeões da Europa de 71, Mitchels se transferiu para o Barcelona, deixando Cruyff para liderar sozinho a equipe, que revalidou seus titulos até a Copa de 1974, onde os dois voltariam a atuar juntos pela seleção holandesa.

Na Alemanha Ocidental, país sede da Copa, os olhos do mundo inteiro se maravilhavam com o que viram. Uma seleção em que todos os jogadores em campo multiplicavam suas funções. Os atacantes defendiam, os defensores atacavam, volantes de tornavam laterais. Todos giravam com um belo Carrossel Holandês. Assim o mundo conhecia o esquema batizado de "Futebol Total", criado por Rinus Mitchels e liderado com maestria por Cruyff, que foram capazes de não apenas derrotar, mas também humilhar grandes seleções da época  como o bi campeão mundial Uruguay, a Argentina e até mesmo o então atual e tri campeão Brasil. Parecia que ninguém seria capaz de deter aquele time, até a final. Contra a Alemanha Ocidental, liderada por Franz Beckenbauer, ninguém parecia acreditar que o Super time de Cruyff havia sido derrotado de virada por 2 x 1. Apesar da derrota, a equipe saiu aplaudida.

No retorno a Holanda, Cruyff sofreria dos frutos de sua personalidade e ideiais instituidos no Ajax, ao saber que os jogadores haviam escolhido outro companheiro para ser capitão da equipe. Tal ocorrido o inspirou a não pensar duas vezes e seguir para junto de seu treinador e amigo Rinus Mitchels, rumo ao Barcelona da Espanha. Pelo clube catalão, viveria momentos tensos, graças à repressão contra a Catalunya, instituida pelo governo de Franco. Com um titulo espanhol logo em sua primeira temporada, e uma Copa do Rey na ultima, Cruyff ficaria marcado pela torcida pelo futeol apresentado e por suas idéias totalmente contra as ações do governo da Ditadura espanhola.

Em 78, rum ao seu final de carreira, recusou-se à representar novamente a Seleção Holandesa na Copa do Mundo do mesmo ano. O motivo: seus ideais democráticos e a repulsa contra a Ditadura Argentina. Interrompeu a carreira no mesmo ano, voltando no ano seguinte para jogar no futebol dos Estados Unidos. Com passagens apagadas por alguns clubes na década de 80, encerrou sua carreira como jogador. Mas isso não o impediu de continuar no futebol e uma nova era de revoluções.

Voltou ao Barcelona como técnico no inicio da década de 90, para mais uma vez revolucionar o clube. Usando os ensinamentos de seu velho amigo e professor Rinus Mitchels, Cruyff foi o técnico da equipe em seu periodo mais vitorioso na história, sendo batizados de "Dream Team". Porém sua personalidade forte se encontraria com outras conflitantes de seus comandados, o que lhe renderam inummeras polêmicas dentro do clube, que abandonaria em 1996 mas não sem antes deixar um legado utilizado até hoje pelo clube catalão. Ele treinava jovens jogadores da base em funções distintas, para que se acostumassem e soubessem como os adversários agiriam em campo.

 Sempre guiado pela lógica e por seus ideais , Cruyff conseguiu mudar o mundo do futebol mais de uma vez, sendo todas elas mantidas e repassadas até hoje. A prova viva de que gênio e louco podem andar lado a lado girando juntos, como um grande carrossel.




Frases sobre ele:

- "Cruyff construiu o edifício e os técnicos do Barça que o sucederam apenas trataram de restaurá-lo e reformá-lo" - Josep Guardiola, atual treinador do FC Barcelona, e ex-comandado de Cruyff.

- "Só pode haver um chefe, que é Cruyff" - Rinus Mitchels

3 comentários:

  1. Outro monstro sagrado

    Merecia ser coroado com uma copa do mundo,mas infelizmente pegou 2 gigantes pela frente.

    Uma Alemanha que é papão comandada pelo Kaiser.

    E a fantástica Argentina comandada pelo Deus Maradona

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  2. Um exemplo a ser seguido dentro e fora de campo. Merecia uma copa, mas o que ele conquistou na carreira já o credencia entre os melhores.

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  3. Um ser humano com ideais assim como Sócrates. Um jogador de futebol com classe, frieza e precisão como raros. Johan Cruyff fez parte do "futebol total".

    Deixou de ser um grande jogador para ser um símbolo.

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