segunda-feira, 25 de março de 2013

[ESPECIAL] Lendas por acaso, PT. 4 - Oleg Salenko



É uma lenda porque: em meio a genialidade e gols de Romário, Stoichkov, Baggio, Batistuta e outros jogadores espetaculares, ele se sagrou artilheiro da Copa de 1994.


Quando você pensa na Copa de 1994, o que te vem na cabeça primeiro? Romário, esquema de retranca do Parreira, Stoichkov, luvinha da vitória, pênalti do Baggio indo pro espaço, Galvão gritando "É TETRA!!", ou algo mais? Consegue lembrar quem foi o artilheiro do torneio? Não, não foram Romário, Hagi, Batistuta, Klinsmann ou Stoichkov. Ok, Stoichkov foi um "dos" dois artilheiros. Isso mesmo, dois jogadores terminaram empatados na artilharia e diferente do búlgaro, o outro só precisou de 2 jogos para isso.

Oleg Salenko está na história das Copas do Mundo por ter sido o único jogador até hoje a marcar 5 gols na mesma partida. A proeza aconteceu contra Camarões, no último jogo da fase de grupos da Copa dos EUA.  Já eliminada após duas derrotas (2 x 0 contra o Brasil e 3 x 1 contra Suécia), tanto Russia quanto Camarões entraram em campo apenas para disputar "quem seria o lanterna do grupo". 

Também conhecida por ser a "partida dos recordes" (uma vez que no mesmo jogo o atacante camaronês Roger Milla se tornaria o mais velho atleta a atuar e marcar um gol em uma Copa), os ex-soviéticos fizeram os africanos de sparring. Salenko abriu o placar aos 15 minutos do 1º tempo, alcançando o hat-trick ainda no final da primeira etapa. Apesar do tento de Roger Milla logo no começo do tempo complementar, o matador do dia marcou outros 2 gols e e Radchenko fechou o placar. Esse "show" garantiu a Salenko a artilharia isolada da Copa com 6 gols (tendo marcado o gol na derrota para a Suécia) até a semi-final, quando Stoichkov se igualou ao Russo. 

Salenko não foi um jogador brilhante nem por clubes e nem mesmo por sua seleção. Apesar de um relativo sucesso pelo Dinamo de Kiev, sua carreira não foi marcada por títulos de expressão, artilharias notáveis ou de grande sucesso. 

Mas graças a esse jogo (não graças a Copa, mas a AQUELE jogo) ele escreveu seu nome na história pelas próximas gerações.  


quinta-feira, 14 de março de 2013

Hristo Stoichkov - O Cristo Bulgáro



É uma lenda porque: maior jogador da história da Bulgária, levou sua seleção ao 4º lugar na Copa do Mundo de 94 e se tornou um dos grandes ídolos da história do Barcelona.


De tempos em tempos, surgem grandes jogadores nos cantos mais distantes da Europa. Esses atletas, cujos quais recebem até a alcunha de "gênios", efetuam proezas que podem ser chamados de verdadeiros milagres. Oriundos de nações pequenas ou de pouca tradição no futebol, se destacam pelo valor individual que conseguem. Atuando como uma espécie de "Messias", eles elevam seus vôos a altitudes que nunca nenhum compatriota sonharia. Assim foi com o búlgaro Hristo Stoichkov.

Surgiu no futebol por acaso. Demonstrando uma incrível personalidade e rebeldia desde menino, seu pai o colocou para jogar no CSKA Sofia (até então time do Exército Búlgaro) para que aprendesse a controlar seu gênio. Ledo engano, o garoto causou inúmeros problemas nas categorias de base do clube, sendo até um dos responsáveis pela exclusão, extinção e banimento do CSKA do futebol local, após briga generalizada durante a final da Copa da Bulgária em 1985. Vários jogadores foram banidos do futebol após o incidente, recebendo a anistia apenas em 1987. Stoichkov retornou e com sua precisa perna esquerda, gols e lançamentos precisos, levou o Vitosha (novo nome dado ao CSKA para que o clube voltasse ao cenário profissional) a conquista de 2 campeonatos nacionais. 

Os títulos e seu destaque individual chamaram a atenção de Johan Cruyff, técnico do Barcelona, que na época começara seu projeto conhecido como "Iniciativa Dream Team".Na Catalunha, viveu seu auge como um dos protagonistas do primeiro título da Liga dos Campeões da UEFA do Barça, em 92. Ao lado de Laudrup, Koeman, Guardiola e Bakero, marcou época. Mas aquele que seria seu maior parceiro dentro de campo chegaria apenas em 93. Contratado a peso de ouro e também conhecido por uma língua afiada, Romário chegou a Barcelona a contragosto de Stoichkov. Através de declarações públicas, mostrou o quanto estava desagradado com a chegada do brasileiro, que forçou Cruyff a implementar um rodízio entre os quatro jogadores estrangeiros (Romario, Hristo, Laudrup e Koeman), uma vez que na época, não eram permitidos mais do que três jogadores extra comunitários em campo.


Mas o desagrado em pouco tempo se converteu em uma amizade que saiu das quatro linhas. Romário e Stoichkov formaram uma dupla sensacional capaz de inspirar o medo no coração dos adversários. Partidas como o 5 x 0 contra o Real Madrid e 4 x 0 contra o Manchester United exemplificam bem o que foram, já que em ambos jogos, saíram como os grandes destaques. Infelizmente essa dupla de ouro não durou mais do que duas temporadas, mas ambos permanecem juntos na memória dos torcedores Culés. 



Com sua seleção, Stoichkov conseguiu carregar a Bulgária a um inesperado, porém justo 4º lugar na Copa do Mundo de 1994, sendo um dos artilheiros da competição ao lado do russo Salenko e derrotando seleções como Argentina e Alemanha pelo caminho. E apesar de não com o mesmo sucesso, levou os búlgaros a Eurocopa de 96 e novamente a Copa do Mundo de 98, mas já em franca decadência, não conseguiu repetir o mesmo sucesso.


Entre seus feitos dignos de menção, sozinho, durante um curto período, fez uma seleção inexpressiva se tornar referência no futebol Europeu. Pelo Barcelona, integra a galeria seleta de estrangeiros que não apenas vestiram e honraram, mas marcaram época com a camisa blaugrana.

Polêmico, goleador, genial... o Cristo da Bulgária segue com seus milagres muito vivos na história.






Frases sobre ele: 



- "Existem dois Cristos: um está aqui jogando pelo Barcelona e o outro está lá no Paraíso. Mas ambos fazem milagres" - o próprio Stoichkov sobre ele mesmo, no auge de seus momentos "polêmicos".

quinta-feira, 7 de março de 2013

Fernando Carlos Neri Redondo - O Príncipe de Madrid




É uma lenda porque: Ídolo do Real Madrid, poucos, pouquíssimos jogadores na história esbanjaram tanta elegância, educação e personalidade em campo.

O normal, especialmente na América do Sul, é que jogadores de futebol venham das camadas mais baixas da sociedade, fato este que torna o futebol como um meio de ascensão social mais "fácil" para os jovens aspirantes a atletas. Raros são os casos em que filhos de classe média entram "de cabeça" no mundo do futebol. Mas esse não foi o caso de Fernando Redondo.

Descendente da aristocracia argentina, criado com as melhores condições de vida possíveis, aluno dedicado e educado, ainda assim se propôs a seguir o caminho do futebol, o que não surpreendeu sua família. Seu prematuro talento lhe rendeu a estréia na 1ª divisão argentina com apenas 15 anos pelo Argentinos Juniors. Se transferiu para o Tenerife da Espanha em 1990, onde permaneceu por 4 anos ao lado do técnico Jorge Valdano, onde ajudou a equipe a tirar dois títulos espanhóis consecutivos do Real Madrid. Títulos estes que compensaria a partir da temporada 94, quando rumou em direção a capital espanhola. 

No Real Madrid, por sua postura, logo foi apelidado de príncipe. Durante seis anos, se firmou como um dos maiores ídolos do clube, sendo peça decisiva na quebra do jejum de títulos da Liga dos Campeões, que já perdurava por mais de 30 anos. Em uma dessas conquistas em especial, protagonizou uma jogada digna dos grandes camisas 10 da história, durante a semi final da edição 99/00 contra o Manchester United no Old Trafford. Em pleno "Teatro dos sonhos", não satisfeito com sua já por si só memorável atuação naquela noite, um "simples" toque de calcanhar entre as pernas do adversário pela ponta esquerda e o cruzamento para o gol na corrida de Raúl, fecharam as cortinas do espetáculo que apresentou. 


Encerrou a carreira no Milan após uma série de lesões no joelho, tendo atuado apenas 16 vezes em três anos com a camisa rossonera, mas não antes de voltar a Madrid.  Em partida válida pela Liga dos Campeões de 2002/2003, o Milan enfrentou o Real Madrid no Santiago Bernabeu. Seu primeiro jogo após se transferir, foi aplaudido de pé pelos torcedores do time da casa que entoaram seu nome em coro, misturando a alegria de rever um grande ídolos com as lágrimas de não estar vendo-o mais com a camisa branca.

Contrariando o clichê de que argentinos são violentos por "natureza", Redondo jamais foi visto dando um simples carrinho ou mesmo em alguma jogada maldosa. Tido como um dos poucos e raros discípulos da "Doutrina Beckenbauer", que prega que os jogadores que atuam na primeira volância podem SIM ter habilidade para jogar, não se limitando apenas a serem "brucutus", mostrou que suas atitudes dentro de campo refletiam sua maneira de ser fora dele. A elegância e cabeça erguida para jogar, a maneira sempre esguia de observar sempre a jogada e não a bola, o diferenciavam de tudo até então. 

Lamentável que depois dele, surgiram poucos na mesma posição capazes de cumprir a mesma função com categoria semelhante. Mais lamentável ainda que o técnico Passarela não o tenha levado para a Copa de 98 por se recusar a cortar os cabelos. O mundo do futebol teve que lamentar a ausência desse jogador brilhante em mais uma Copa do Mundo, mas não nos deixou orfão. Sua habilidade apresentada com a camisa merengue jamais será esquecida.



Frases sobre ele: 

- "Ele tem imãs nos pés?" - Sir Alex Ferguson, técnico do Manchester United.

- "Tanto taticamente quanto tecnicamente, era um jogador perfeito." - Fabio Capello, Ex-técnico do Real Madrid.