É uma lenda porque: um dos grandes destaques do Milan nos anos 90 e da antiga Iugoslávia.
A região leste européia costuma reservar algumas surpresas futebolísticas. Mesmo com todos os seus problemas, conflitos, separações e unificações de países (que ocorrem de maneira constante), de tempos em tempos aparecem jogadores acima de qualquer discussão bairrista, capazes de despertar a admiração de rivais e respeito de muitos. O mesmo aconteceu com o Montenegrino (até a década de 90 Iugoslavo) Dejan Savićević.
Meia ofensivo de extrema habilidade, Dejan começou a carreira nos anos 80 atuando por equipes locais como o Titogrado (time de sua cidade natal) e o Estrela Vermelha de Belgrado, hoje equipe representante da Sérvia. Esse último por sinal, foi levado ao topo da Europa por Savićević em 1991 com o título da Liga do Campeões da UEFA, conquistado ao lado de outras futuras lendas como Robert Prosinečki e Siniša Mihajlović. Essa façanha não teve precedentes na até então unificada Iugoslávia e nem nos países oriundos das separações ocorridas até os anos 2000, tornando assim a equipe de Belgrado como a única da história da região conseguir o mais importante dos títulos europeus.
No ano seguinte se transferiu ao Milan, onde seria adotado como um dos maiores ídolos rossoneros. Sob o comando do jovem treinador Fabio Capello, tornou-se destaque da equipe logo em sua primeira temporada, resultando no título do Scudetto italiano. Glória a qual ele repetiu na temporada seguinte, quando ao final da mesma, fez aquela que provavelmente é sua mais lembrada e cultuada atuação com a camisa milanista.
Frente ao dito como quase imbatível Barcelona comandado por Johan Cruyff, mesmo com o peso de sua camisa, o Milan era franco atirador. Cheio de desfalques como os defensores Baresi, Costacurta e o atacante dinamarquês Brian Laudrup, contra um adversário que contava com Romário, Stoichkov e Koeman. O que se viu em Athenas naquela noite de 18 de Maio foi um verdadeiro show de bola, o famoso "passeio", um massacre sem piedade orquestrado por um inspirado... Savićević! Contrariando casas de apostas e qualquer "lógica" (se é que tal palavra é possível no futebol). O jogador montenegrino liderou sua equipe que transformou o "Dream team" em um tipo de sparring de luxo, marcando um gol, oferecendo uma assistência e participação direta nos outros dois tentos que fecharam o placar. Uma humilhação que desmontaria a equipe da Catalã e decretaria o fim da Era Cruyff no Barcelona.
Mesmo com seu destaque na fantástica vitória na Grécia, Savićević não pode atuar na Copa do Mundo doa EUA, por um decreto da FIFA que impedia a Iugoslávia de atuar em competições internacionais como punição por suas constantes guerras civis separatistas. Voltando à Copa apenas na França em 1998, Dejan não pôde mostrar seu mesmo destaque pela seleção que obteve pelos clubes, assim como já havia acontecido em 1990.
Savićević encerrou a carreira no Rapid Wiena da Áustria após um breve retorno ao Estrela Vermelha. Com a independência da nação de Montenegro, seguiu vivendo em seu agora independente país. Um dos camisas 10 mais amados da história do Milan, jamais terá sua habilidade esquecida. Especialmente por aqueles que viram o que aconteceu na Grécia àquela noite. Os que viram o Show Man do leste destruir encerrar a Era do Time dos Sonhos.